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Greve geral na Grécia contra a reforma da administração pública

Pelo menos 16 mil pessoas se manifestaram sem incidentes em Atenas e 7 mil em Salônica

Agência France-Presse
postado em 16/07/2013 15:55
Milhares de pessoas saíram nesta terça-feira (16/7) às ruas da Grécia convocadas pelos sindicatos para protestar contra um plano de cortes da administração pública exigido pelos credores internacionais do país.

Pelo menos 16.000 pessoas se manifestaram sem incidentes em Atenas e 7.000 em Salônica, segundo a polícia, com reivindicações como "Não às demissões de funcionários (públicos)" e pedidos de "renúncia ao governo" de coalizão entre os socialistas e a direita, liderado pelo primeiro-ministro Antonis Samaras.

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"Para nós são alunos, para eles clientes", dizia um dos cartazes em relação à suspensão, prevista no plano, de centenas de professores do ensino profissional.

"Agora, fui demitido. Nossos nomes foram publicados na internet sem nenhuma vergonha, com nossos dados pessoais, como se fossemos ladrões ou algo parecido", explicou Vassis Dionissos, presidente do sindicato de técnicos dos institutos de Ensino Médio.

Muitos serviços públicos e de transportes estavam fechados nesta terça-feira e os trens não circulavam. Em Atenas, o metrô, que liga o aeroporto ao centro da capital, não funcionava e os ônibus só circularam entre as 03H00 e as 15H00 (horário de Brasília).

Também houve atrasos nos voos do aeroporto de Venizelos, em Atenas, por causa de uma greve de controladores aéreos, em plena temporada turística.

O projeto de lei que o parlamento examinará na quarta-feira - e que muito provavelmente será aprovado, apesar do apoio limitado que o governo tem na câmara - inclui um plano de demissões e de reorganização de uma parte dos 7.000 funcionários do setor público para cumprir as exigências dos credores internacionais da Grécia.

Os sindicatos do setor público e privado, Adedy e GSEE, consideraram que o plano está enterrando o setor público.

Para continuar recebendo a ajuda da ;troika; (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), a Grécia tem que suprimir 4.000 funcionários públicos antes do final do ano e obrigar outros 12.500 a mudar de posto.

O objetivo é remodelar a administração pública para que não pese tanto no orçamento e seja mais eficaz.

Preocupação após o fechamento de televisão pública

Contudo, este novo plano gera preocupação no país, depois do fechamento no começo de junho, sem aviso prévio nem negociação, da emissora de rádio e televisão pública (ERT).

"Não acredito que nem o próprio governo saiba o que está fazendo com este fechamento. Tentaram conosco, para ver como o mundo ia reagir e agora é a vez dos seguintes", disse Ioanna Kavalierou, uma manifestante que foi demitida da ERT.

O texto, que será apresentado no parlamento, prevê que, antes do final de julho, 4.200 funcionários públicos terão que entrar durante oito meses em uma "reserva" de mobilidade e só cobrarão 75% de seus salários. Se se negarem a ser transferidos, serão demitidos.

Os principais afetados pela reforma são os funcionários da educação pública, incluindo funcionários municipais e a vigilantes escolares, assim como 3.500 policiais municipais que terão que ser integrados à polícia nacional e que protestam todos os dias nas ruas de Atenas com motos com as sirenes a todo volume.

A aprovação da lei é a condição para que a Grécia receba rapidamente 4 bilhões de euros, uma parte da parcela de ajuda internacional de 6,8 bilhões de euros aprovada no dia 8 de julho pela zona do euro e o FMI.

"No total, em dois anos, irão embora 15.000 funcionários de um total de 700.000, o que só representa 2%", disse o primeiro-ministro à imprensa durante o fim de semana.

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