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Panamá classifica armas cubanas de contrabando e espera especialistas

O cargueiro procedente de Cuba foi abordado antes de entrar no Canal do Panamá rumo à Coreia do Norte, por suspeitas de drogas ocultas em uma gigantesca carga de açúcar

Agência France-Presse
postado em 17/07/2013 11:44
O Panamá classificou nesta quarta-feira (17/7) de contrabando o armamento cubano não declarado e encontrado em um navio norte-coreano, e está aguardando a chegada de especialistas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, que devem analisá-lo. "A carga é ilícita porque não está declarada. O que não está registrado, ainda que seja obsoleto, é contrabando", disse nesta quarta-feira o ministro da Segurança e advogado especializado em temas marítimos, José Raúl Mulino.

Policial caminha em cima do porão de navio norte-coreano Chong Chong Gang no porto de Colon, a 90 km da Cidade do Panamá
No dia 10 de julho, o cargueiro "Chong Chon Gang", procedente de Cuba, foi abordado antes de entrar no Canal do Panamá rumo à Coreia do Norte, por suspeitas de drogas ocultas em uma gigantesca carga de açúcar, a única indicação que figurava no documento, afirmaram as autoridades panamenhas.

Mas as inspeções no navio, depois de superada a resistência dos tripulantes, detectaram em um primeiro momento dois contêineres ocultos, em um dos quais havia material bélico, identificado posteriormente como um sistema de controle de disparo de mísseis antiaéreos. Na terça-feira, Cuba afirmou que o armamento era seu e disse que se tratava de material "defensivo obsoleto", sustentando que ele estava sendo enviado para ser reparado na Coreia do Norte.



[SAIBAMAIS]"No navio citado eram transportadas 240 toneladas de armamento defensivo obsoleto - duas baterias de mísseis antiaéreos Volga e Pechora, nove mísseis em partes, dois aviões Mig-21 Bis e 15 turbinas deste tipo de aparelho - tudo fabricado em meados do século passado - para ser reparado e devolvido ao nosso país", informou a chancelaria em Havana. Para avaliar o material, "estamos esperando a chegada dos especialistas que solicitamos aos Estados Unidos e ao Reino Unido. E também uma missão técnica do Conselho de Segurança", disse Mulino.

As Nações Unidas impuseram um embargo ao comércio de armas com a Coreia do Norte como parte das sanções por seu plano de testes nucleares com fins militares. "Se for confirmado que o carregamento viola as resoluções da ONU, esperamos que o comitê de sanções do Conselho de Segurança tome ações rapidamente", reagiu nesta quarta-feira o governo da Coreia do Sul ao felicitar o Panamá pela interceptação da embarcação.

Armazenamento arcaico que desencoraja as inspeções

No entanto, na cidade de Colón, junto à entrada caribenha do canal, 150 pessoas continuavam a lenta tarefa de retirar dos porões da embarcação quase 250 mil sacas de açúcar. A exasperante lentidão da tarefa - realizada em meio a uma invasão de abelhas atraídas pelo açúcar - ocorre pelo fato de que os trabalhos devem ocorrer de forma artesanal devido ao primitivo e surpreendente sistema de armazenamento utilizado em Cuba.

As sacas foram colocadas individualmente, enquanto o normal seria carregá-las em pallets. Ao serem colocadas soltas, a ação de esvaziar um porão, segundo especialistas, demora dois dias em vez de três horas, o que desestimula qualquer inspeção ao acaso se não houver real urgência de verificação. No entanto, a justiça se preparava para iniciar os interrogatórios com os 35 tripulantes da embarcação, que foram levados ao Forte Sherman, uma antiga base militar americana da época em que o canal, devolvido ao Panamá em 1999, estava sob a administração de Washington.

O cargueiro procedente de Cuba foi abordado antes de entrar no Canal do Panamá rumo à Coreia do Norte, por suspeitas de drogas ocultas em uma gigantesca carga de açúcar
"Os tripulantes estão em plenas condições (...) hoje estamos mandando especialistas em medicina legal para que sejam avaliados medicamente. Também estamos enviando uma equipe de psicólogos para que façam uma análise psicológica", disse o promotor antidrogas Javier Carballo, que lidera o caso. O navio Chong Chon Gang, construído em 1979, tem um longo prontuário internacional quanto à problemas de segurança na navegação, mas também registra ao menos uma inspeção na Ucrânia por drogas.

Pelo canal do Panamá transitam 5% do comércio mundial e ele passa atualmente por uma gigantesca ampliação, que deverá estar habilitada no fim de 2014, ano do centenário da via interoceânica. Pelo canal podem transitar barcos militares e também navios mercantes que levam material bélico, mas essas cargas devem ser declaradas previamente, já que exigem um protocolo especial, explicou um funcionário do canal.

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