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Tribunal russo condena opositor Navalny a cinco anos de prisão

O juiz Serguei Blinov pronunciou a condenação referindo-se à "gravidade do crime" e ao "perigo que Navalny representa para a sociedade"

Agência France-Presse
postado em 18/07/2013 07:46

Kirov - O líder opositor russo Alexei Navalny foi condenado nesta quinta-feira (18/7) a cinco anos de prisão no âmbito de um processo por desvio de fundos que afastará do cenário político um dos principais críticos do presidente Vladimir Putin. O juiz Serguei Blinov condenou Navalny "a cinco anos de campo de internamento devido à gravidade do crime e ao perigo que (Navalny) representa para a sociedade", assim como o pagamento de uma multa de 12.000 euros.

Alexei Navalny é algemado e escoltado por oficiais do Ministério do Interior dentro de um tribunal de Kirov

O opositor foi imediatamente algemado e detido na sala do tribunal de Kirov, 900 km a leste de Moscou. O julgamento de Navalny, de 37 anos e pai de dois filhos, começou no dia 17 de abril. É acusado de organizar em 2009 o desvio de 400.000 euros de uma exploração florestal, Kirovles, quando era consultor do governador liberal da região. "Sua culpa está completamente provada. Nenhuma prova confirma as afirmações de Navalny segundo as quais é perseguido por razões políticas", declarou o juiz durante a leitura da sentença.

[SAIBAMAIS]A promotoria pedia para Navalny seis anos de campo de internamento. "Não permaneçam inativos", escreveu o opositor, conhecido por suas investigações sobre corrupção, na última mensagem que publicou em sua conta no Twitter antes de ser algemado. Durante a leitura da sentença, Navalny bebia água e escrevia em seu smartphone, parecendo não prestar muita atenção ao que ocorria ao seu redor. O outro acusado neste caso, Piotr Ofitserov, diretor de um grupo comercial ao qual, segundo a acusação, a empresa pública Kirovles vendeu madeira a um preço inferior ao de mercado, foi condenado a quatro anos de campo.

Já diretor da Kirovles, Viacheslav Opalev, foi condenado a quatro anos de prisão condicional, depois de chegar a um acordo de colaboração com a investigação, algo que Ofitserov se negou a fazer. "Tenho cinco filhos. Hoje precisam de mim. Mas se aceitar um acordo com os investigadores, eles me perguntarão quando forem maiores: ;Papai, o que você fez?;", explicou na última declaração ao tribunal. Navalny e Ofitserov abraçaram suas esposas, presentes na sala do tribunal. "Temos que trabalhar e mostrar nossa solidariedade a Alexei e Piotr. Tudo correrá bem", declarou Yulia Navalnaia, esposa de Navalny.

Vários opositores foram a Kirov para apoiar Navalny. Boris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro de Boris Yeltsin, denunciou um caso "fabricado do início ao fim". A jornalista e militante pelos direitos dos prisioneiros Olga Romanova vestia uma camiseta na qual era possível ler "Liberdade para Navalny, Putin ladrão", o slogan preferido do opositor. O caso provocou reações diplomáticas de países ocidentais. "Estamos profundamente decepcionados pela condenação de Navalny e pelo motivo aparentemente político de seu julgamento", escreveu em sua conta no Twitter o embaixador dos Estados Unidos na Rússia, Michael McFaul. A União Europeia expressou sua preocupação após esta condenação, que levanta "muitas questões sobre o Estado de direito na Rússia".

A defesa do opositor declarou que apelará da sentença. Navalny classificou as acusações contra si de absurdas, já que, segundo ele, quase todo o dinheiro foi entregue à empresa e o resto constituía a margem da sociedade que realizou as transações e da qual não era beneficiário. O opositor, que na quarta-feira se registrou oficialmente como candidato à eleição de prefeito de Moscou, que irá ocorrer no dia 8 de setembro, e que declarou sua intenção de se apresentar às presidenciais de 2018, não poderá fazê-lo se for condenado, inclusive de maneira condicional, a partir do momento em que sua pena for confirmada em apelação.

Segundo seu diretor de campanha, Navalny convocou um boicote das eleições à prefeitura de Moscou após o anúncio da condenação. Durante o processo, o opositor afirmou não ter nenhuma dúvida de que Putin "dava pessoalmente instruções aos investigadores. Convertido em uma das principais figuras da oposição nascida em 2011, Alexei Navalny denunciou uma "vingança política" do Kremlin por suas revelações sobre a corrupção e pela campanha contra o partido no poder, Rússia Unida, e a reeleição de Vladimir Putin como presidente em 2012. Os problemas judiciais de Navalny não terminam com o caso Kirovles, já que também é acusado de outros casos por fraude.

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