Jornal Correio Braziliense

Mundo

Pais de negro morto nos EUA dizem que questão racial foi decisiva

Trayvon Martin tinha 17 anos quando foi morto com um tiro na noite de 26 de fevereiro de 2012, no centro da Flórida

Miami - "Se Trayvon fosse branco, isto não teria acontecido", declarou o pai do adolescente negro morto, Tracy Martin, à rede NBC nesta quinta-feira (18/7), após a decisão de um Tribunaç da Flórida de inocentar o vigia George Zimmerman. Martin tinha 17 anos quando foi morto com um tiro na noite de 26 de fevereiro de 2012, quando caminhava por um condomínio em Sanford, centro da Flórida (sudeste).

"Obviamente, a questão racial foi decisiva", acrescentou Martin, que junto a sua ex-esposa, Sybrina Fulton, mãe do jovem concederam entrevistas a vários programas de televisão americanos. Zimmerman, de 29 anos, disse que agiu em legítima defesa após ser atacado por Martin, e foi absolvido por um júri de seis mulheres, -cinco brancas e uma hispânica- das acusações de assassinado e homicídio involuntário. O caso, que provocou protestos em todo o país, foi percebido desde o início como um crime em que o preconceito racial prevaleceu. A mãe de Martin acredita que o sistema judiciário dos Estados Unidos "falhou com seu filho".



[SAIBAMAIS]O veredicto, de fato, despertou indignação nas ruas de várias cidades dos Estados Unidos e entre líderes afro-americanos. O pai de Martin indicou que espera que o governo federal se pronuncie sobre o assunto. "Queremos que o governo federal reveja isto e discuta todas as opções", insistiu. "Como pais, sentimos que poderia ter sido feito mais", disse Martin, que, juntamente com Fulton, pediu que as manifestações pacíficas continuem. Após o polêmico veredicto, uma jurada identificada como B-37, deu uma entrevista exclusiva à CNN em que, basicamente, explicou como, em sua opinião, Zimmerman tinha o direito de defender-se, com base na lei da Flórida que permite o uso do força letal quando há uma ameaça.

A jurada B-37 também disse que Trayvon Martin tinha tido responsabilidade pela sua própria morte. "Não acredito que ela conhecesse Trayvon", disse Fulton, ex-funcionária pública que vivia com seu filho em um bairro de classe média de Miami, sul da Flórida. "Trayvon não era uma pessoa confrontativa. Portanto, em vez de culpar o adolescente, temos que colocar a culpa no adulto", disse. "Havia duas pessoas envolvidas. Temos um adulto que estava perseguindo um jovem, e temos um jovem que estava com medo", respondeu a mãe, que confessou estar em um estado de "comoção" após o inesperado veredicto.