Agência France-Presse
postado em 19/07/2013 21:22
Amã - O secretário de Estado americano, John Kerry, anunciou nesta sexta-feira que israelenses e palestinos chegaram a um acordo de princípio para retomar as negociações de paz "dentro de uma semana mais ou menos" em Washington.Tanto a Presidência palestina como o governo israelense saudaram a notícia, mas o movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, rejeitou a retomada das negociações.
O anúncio foi feito após quatro dias de intensos esforços diplomáticos por parte do secretário de Estado americano, que manteve contatos com líderes israelenses e palestinos a partir da capital jordaniana. Como parte de seus esforços, ele chegou a fazer uma viagem de última hora a Ramallah, na Cisjordânia.
"Tenho o prazer de anunciar que chegamos a um acordo que estabelece uma base para a retomada das negociações de paz entre palestinos e israelenses", declarou Kerry aos jornalistas em Amã.
"Este é um passo adiante importante e bem-vindo. O acordo ainda está em processo de finalização. Com isso, não falaremos sobre nenhum dos elementos por enquanto", acrescentou.
Um representante do Departamento de Estado disse que "chegaram a um acordo sobre os elementos de base que permitirão o início de negociações diretas".
O chefe da diplomacia americana acrescentou que o negociador palestino, Saeb Erakat, e sua homóloga israelense, Tzipi Livni, se reunirão em Washington "para iniciar as primeiras reuniões dentro de uma semana, mais ou menos".
"A reunião de Abbas com Kerry em seu quartel-general em Ramallah nesta sexta-feira à tarde foi concluída com avanõs e facilitará um acordo para a retomada das negociações", indicou em um comunicado o porta-voz da Presidência palestina, Nabil Abu Rudeina. Ele ressaltou, no entanto, que "ainda há detalhes a acertar", sem indicar quais.
"Kerry enviará um convite a Erakat e a um representante do lado israelense para que se reúnam em Washington para o início das negociações nos próximos dias", acrescentou. O movimento radical islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, rejeitou o anúncio.
"O Hamas rejeita o anúncio de Kerry sobre a retomada das negociações", declarou à AFP o porta-voz do movimento, Sami Abu Zuhri, reafirmando que "Abbas não tem legitimidade alguma para negociar em nome do povo palestino sobre questões fundamentais". O porta-voz do governo do Hamas, Ihab al-Ghosein, afirmou que "o povo palestino não aceitará que se negocie em seu nome sem mandato".
Livni, que também é a ministra da Justiça israelense, emitiu, no entanto, um comunicado otimista. Tivemos "longos meses de ceticismo e de cinismo", considerou a ministra em um comunicado. "Mas agora, quatro anos de estagnação diplomática estão prestes a terminar".
"Sei que quando as negociações começarem, elas serão complexas e não serão fáceis", concluiu. O acordo de última hora de Kerry foi anunciado depois de os palestinos terem rejeitado sua proposta para um marco de preparação para a retomada das negociações de paz, estagnadas há quase três anos.
A rejeição foi lançada pelo Conselho Revolucionário do partido de Abbas, Fatah, que pediu mudanças no plano americano. As negociações ficaram totalmente paradas em setembro de 2010, quando Israel se negou a manter o congelamento da construção de novos assentamentos nos territórios palestinos.
Kerry se mostrou animado em sua conversa com a imprensa antes de deixar Amã no final desta sexta com destino a Washington. "Ninguém acredita que as divergências entre ambas as partes serão resolvidas de um dia para o outro ou, simplesmente, desaparecerão. Somos conscientes dos desafios, teremos que fazer escolhas muito difíceis nos próximos dias", ressaltou.