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Primeiro-ministro japonês defende reformas depois de vitória eleitoral

A vitória significa que o governo controlará ambas a câmaras pelo menos até 2016, o que permitirá desbloquear as barreiras que entorpeceram o trabalho de seus antecessores

Tóquio - O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, anunciou nesta segunda-feira (22/7) a necessidade de realizar dolorosas reformas destinadas a fortalecer a economia japonesa depois da grande vitória obtida nas eleições para renovar o Senado. Para Abe, a vitória do Partido Liberal Democrático e de seu sócio de coalizão Novo Komeito significa um grande apoio à política econômica que mistura grandes estímulos e uma agressiva flexibilidade monetária.



Os economistas seguem divididos sobre os efeitos no longo prazo da política de Abe, conhecida como "Abenomics", que leva a um maior endividamento do Estado, que já tem uma dívida descomunal: mais do dobro do PIB japonês. O governo prevê um aumento do IVA no próximo ano como primeiro passo para reduzir a dívida, mas - consciente de que isso pode frear o consumo - Abe afirmou nesta segunda-feira que ainda não há acordo. "Adotaremos a decisão final neste outono (do hemisfério norte)", depois de ter tido acesso aos dados de abril a junho, afirmou.

O jornal econômico Nikkei disse que Abe tem uma oportunidade sem precedentes para realizar reformas, desregular, promover o livre comércio e reconstituir as deterioradas finanças públicas. Abe teria que "concentrar todo o seu capital político para o êxito do Abenomics", sustenta o Nikkei em seu editorial. "Esperamos que esta eleição seja um ponto de inflexão para que o Japão saia de duas décadas econômicas e políticas perdidas", prossegue.

Os opositores de Abe temem que o "Abenomics" seja um "Cavalo de Troia" para garantir ao primeiro-ministro poder suficiente para levar adiante sua agenda social conservadora. Temem que isso leve a uma flexibilização do compromisso constitucional do Japão com o pacifismo, um reforço do setor militar e um tom mais firme nas já complicadas relações com a China e a Coreia do Sul, países com os quais mantém disputas territoriais. "O desejo do povo é que sejamos firmes e demonstremos conquistas diplomáticas com base em um poder estável", disse Abe na coletiva de imprensa, antes de deixar claro que deseja uma "diplomacia poderosa" e "uma presença no mundo firme".