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Primeiro-ministro japonês defende reformas depois de vitória eleitoral

A vitória significa que o governo controlará ambas a câmaras pelo menos até 2016, o que permitirá desbloquear as barreiras que entorpeceram o trabalho de seus antecessores

Agência France-Presse
postado em 22/07/2013 10:59
Tóquio - O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, anunciou nesta segunda-feira (22/7) a necessidade de realizar dolorosas reformas destinadas a fortalecer a economia japonesa depois da grande vitória obtida nas eleições para renovar o Senado. Para Abe, a vitória do Partido Liberal Democrático e de seu sócio de coalizão Novo Komeito significa um grande apoio à política econômica que mistura grandes estímulos e uma agressiva flexibilidade monetária.

Primeiro Ministro do Japão e líder do governante Partido Liberal Democrático (LDP), Shinzo Abe dá entrevista coletiva na sede da legenda em Tóquio
"Anunciamos aos eleitores que íamos prosseguir com a política econômica. Eles nos deram seu apoio depois que dissemos que este era o único caminho", afirmou em uma coletiva de imprensa. A vitória significa que o governo controlará ambas a câmaras pelo menos até 2016, o que permitirá desbloquear as barreiras que entorpeceram o trabalho de seus antecessores.

Isto permitirá que Abe prossiga com as dolorosas reformas estruturais destinadas a tirar o Japão de duas décadas de depressão econômica. O PLD e o Komeito contam no novo Senado com 135 dos 242 assentos. O principal partido da oposição, o Partido Democrático do Japão, ficou com 59. A abstenção foi alta, já que apenas 52,61% dos eleitores registrados foram às urnas.

A bolsa de Tóquio chegou a subir 1,23% na abertura, mas fechou a sessão com um avanço mais discreto, de 0,47%. Abe disse que irá acelerar as decisões e a execução das políticas para fazer o país avançar. "Sem uma economia forte, não podemos cimentar a política fiscal para sustentar a segurança social e ocorre o mesmo com a diplomacia e a segurança nacional. Nós nos concentraremos nisso a partir de agora", disse. Desde que chegou ao poder, nas eleições de dezembro, Abe abriu a torneira dos gastos públicos e pressionou o Banco Central para que inunde o mercado com dinheiro.



Os economistas seguem divididos sobre os efeitos no longo prazo da política de Abe, conhecida como "Abenomics", que leva a um maior endividamento do Estado, que já tem uma dívida descomunal: mais do dobro do PIB japonês. O governo prevê um aumento do IVA no próximo ano como primeiro passo para reduzir a dívida, mas - consciente de que isso pode frear o consumo - Abe afirmou nesta segunda-feira que ainda não há acordo. "Adotaremos a decisão final neste outono (do hemisfério norte)", depois de ter tido acesso aos dados de abril a junho, afirmou.

O jornal econômico Nikkei disse que Abe tem uma oportunidade sem precedentes para realizar reformas, desregular, promover o livre comércio e reconstituir as deterioradas finanças públicas. Abe teria que "concentrar todo o seu capital político para o êxito do Abenomics", sustenta o Nikkei em seu editorial. "Esperamos que esta eleição seja um ponto de inflexão para que o Japão saia de duas décadas econômicas e políticas perdidas", prossegue.

Os opositores de Abe temem que o "Abenomics" seja um "Cavalo de Troia" para garantir ao primeiro-ministro poder suficiente para levar adiante sua agenda social conservadora. Temem que isso leve a uma flexibilização do compromisso constitucional do Japão com o pacifismo, um reforço do setor militar e um tom mais firme nas já complicadas relações com a China e a Coreia do Sul, países com os quais mantém disputas territoriais. "O desejo do povo é que sejamos firmes e demonstremos conquistas diplomáticas com base em um poder estável", disse Abe na coletiva de imprensa, antes de deixar claro que deseja uma "diplomacia poderosa" e "uma presença no mundo firme".

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