Agência France-Presse
postado em 23/07/2013 08:52
Cairo - Seis pessoas morreram nesta terça-feira (23/7) em confrontos entre partidários e opositores do presidente islamita deposto Mohamed Mursi no Cairo, informaram os meios de comunicação governamentais, citando fontes do ministério da Saúde.Um balanço anterior informava sobre dois simpatizantes de Mursi mortos ao serem atingidos por tiros disparados por um desconhecido. Todas essas pessoas perderam a vida nas imediações da universidade do Cairo, no bairro de Guizé, perto do centro da cidade.
Na segunda-feira (22/7) quatro pessoas perderam a vida no Cairo e em uma cidade nos arredores da capital, Qaliub, o que eleva a dez os mortos nos distúrbios em menos de 24 horas no Egito.
Há cerca de três semanas, os islamitas ocupam os arredores da universidade e da mesquita Rabaa al-Adawiya, no nordeste do Cairo. Pedem o retorno ao poder de Mursi, destituído no dia 3 de julho pelo exército, ressaltando que é o primeiro presidente egípcio eleito democraticamente.
Já seus adversários consideram que Mursi foi desqualificado por uma gestão favorável apenas ao seu próprio setor, e acrescentam que as gigantescas manifestações que ocorreram no fim de junho nas quais era exigida sua renúncia mostraram sua perda de legitimidade.
"Virar uma nova página"
A organização Human Rights Watch (HRW) lançou, por sua parte, um grito de alerta ante o aumento da violência contra a comunidade cristã copta (6% a 10% da população). "Desde a destituição de Mursi, em 3 de julho, ao menos seis ataques contra cristãos ocorreram em diversas localidades do Egito", escreveu a HRW, que acusa os partidários de Mursi de vários incidentes, mas também destaca a falta de ação policial frente a esta violência na maior parte dos casos.
O mais grave ocorreu em 5 de julho, em Naga Hasan, perto de Luxor (sul), quando quatro cristãos foram assassinados a pancadas pelos habitantes, indicou HRW em um comunicado. Na véspera, a família de Mursi, detido em um lugar secreto desde a sua destituição pelo Exército, denunciou seu "sequestro".
"Estamos prestes a apresentar processos legais localmente e internacionalmente contra Abdel Fattah al-Sissi, que liderou o golpe de Estado militar, e contra seu grupo golpista", declarou a filha do presidente deposto, Shaimaa Mursi, indicando que "os considera plenamente responsáveis pela saúde e pela integridade do presidente Mursi". O novo poder político não respondeu aos pedidos dos Estados Unidos e da União Europeia para que liberte Mursi, limitando-se a assegurar que ele está sendo bem tratado.
As autoridades de transição, por outro lado, continuam aplicando seu "mapa do caminho" com o juramento, na segunda-feira, dos ministros da Justiça e dos Transportes, que completam a equipe governamental instaurada há uma semana. Por sua parte, a Irmandade Muçulmana reiterou que não aceita as novas autoridades ao se reunir, na segunda-feira, com os membros islamitas da Câmara Alta, que assumia o poder legislativo até sua dissolução durante a destituição de Mursi.