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Autoridades tunisianas acusam radicalista envolvido em morte de opositor

O governo acrescentou que o homem também esteve envolvido no assassinato do opositor de esquerda Chokri Belaid, baleado em fevereiro

Agência France-Presse
postado em 26/07/2013 10:59
Tunes - As autoridades tunisianas acusaram nesta sexta-feira (26/7) um salafista de estar envolvido na morte do opositor Mohamed Brahmi, cujo assassinato a tiros na quinta-feira (25/7) desencadeou uma greve geral e manifestações contra o poder islamita. Centenas de tunisianos protestaram em Tunes para exigir a queda do governo dirigido pelos islamitas do Ennahda, apontados como responsáveis pela morte desta figura da oposição nacionalista de esquerda.

O ministro do Interior Lotfi Ben Jeddou disse
No entanto, o governo acusou um salafista de estar envolvido no assassinato e acrescentou que a arma com a qual cometeu o crime serviu para matar em fevereiro outro opositor de esquerda, Chokri Belaid. "Os elementos preliminares da investigação mostram o envolvimento de Boubaker Hakim, um salafista extremista", declarou à imprensa o ministro tunisiano do Interior, Lotfi Ben Jeddou. "A arma utilizada para matar Mohamed Brahmi é a mesma que serviu para matar Chokri Belaid", acrescentou o ministro.

A necropsia revelou que o opositor, morto na porta de sua casa, foi atingido por 14 balas de 9 milímetros, indicou o gabinete do procurador da República. Beji Caid Essebsi, líder do Nidaa Tounes, o principal partido da oposição tunisiana, atribuiu ao governo a responsabilidade pelo assassinato de Brahmi, ao considerar que "se este governo tivesse revelado a identidade dos que encomendaram (o assassinato) e dos assassinos de Chokri Belaid, não estaríamos assim". "Não foram feitas acusações sérias, isso encorajou os criminosos a agir novamente", declarou Beji Caid Essebsi à AFP.



[SAIBAMAIS]A morte de Chokri Belaid afundou o país na maior crise política desde a revolta de 2011. "O povo quer a queda do governo". "Hoje o Ennahda deve cair", gritaram nesta sexta-feira (26) no centro de Túnis os manifestantes, em sua maioria sindicalistas, que também classificaram o líder do Ennahda de "assassino".

A imprensa tunisiana destacou os riscos de desestabilização do país após o assassinato de Mohamed Brahmi, que será enterrado no sábado em Tunes. A presidência da República tunisiana declarou esta sexta-feira (26) dia de luto nacional e a poderosa central sindical UGTT convocou uma greve geral.

As ruas de Tunes estavam desertas, muitas lojas estavam fechadas, os bondes circulavam quase vazios e muitos voos foram cancelados devido à greve. Esta greve nacional é a segunda desde o levante de 2011. A primeira ocorreu em fevereiro de 2013, também convocada pelo UGTT, um dia após a morte de Chokri Belaid.

No interior do país, a greve teve uma elevada adesão, incluindo no setor privado, e foram organizados protestos em Sidi Bouzid, Kasserine, Gafsa (centro-oeste) e Kef (noroeste). A adesão ao movimento era especialmente importante em Sidi Bouzid, cidade natal do opositor de esquerda assassinado e ponto de partida da revolta que derrubou o regime de Zine el Abidine Ben Ali, em janeiro de 2011.

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