Agência France-Presse
postado em 27/07/2013 12:37
Cairo - Dezenas de simpatizantes do presidente deposto Mohamed Mursi morreram neste sábado (27/7) no Cairo nos confrontos mais mortíferos desde sua queda, que levaram o novo poder a anunciar sua vontade de colocar fim aos protestos dos islamitas. Os dois grupos se acusavam de ser os responsáveis por estes episódios violentos no Cairo que deixaram mais de 100 mortos, segundo os partidários do presidente islamita deposto no dia 3 de julho pelo exército.
No entanto, em um hospital de campanha dos pró-Mursi, um jornalista da AFP contou 37 cadáveres cobertos com lençóis brancos sobre os quais estavam escritos seus nomes. Todos foram atingidos por balas, segundo Amal Ahmad Ibrahim, médico deste centro, que informou que um número indeterminado de corpos foi levado a outros locais. Por sua vez, Mohamed Sultan, dos serviços de emergência do ministério da Saúde, disse que seu balanço chegava a 29 mortos, excluindo os 37 do hospital de campanha.
Leia mais notícias em Mundo
A violência explodiu após a realização de grandes manifestações dos dois grupos na sexta-feira e horas após o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, advertir que o acampamento que os partidários de Mursi mantêm há quase três semanas ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya, na capital do Egito, será desmantelado.
Após os confrontos, Ibrahim voltou a insistir na ideia neste sábado e disse que fará com que os partidários do presidente Mursi sejam dispersados "muito em breve" dos locais ocupados. As forças de segurança agirão "no âmbito da lei", tentando fazer com que exista "o menor número de perdas possível" e pediu que os manifestantes abandonem o local "para evitar um derramamento de sangue".
Desde que o exército derrubou Mursi, dezenas de milhares de partidários da Irmandade Muçulmana, movimento do qual Mursi faz parte, permanecem acampados ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya, no bairro de Nasr City, e nos arredores da universidade do Cairo, com a intenção de conseguir sua reincorporação.
Os confrontos explodiram perto desta mesquita quando partidários do presidente deposto tentaram na manhã deste sábado bloquear a estrada que leva ao aeroporto do Cairo.
Incitação à violência
O porta-voz do ministério do Interior, o general Hani Abdelatif, afirmou que os manifestantes pró-Mursi se enfrentaram com os vizinhos de um bairro próximo e que as forças de segurança se interpuseram.
A polícia "utilizou apenas gás lacrimogêneo", disse o porta-voz, insinuando que as dezenas de falecidos que os islamitas lamentam morreram pelas mãos dos moradores dos arredores.
Para o porta-voz do ministério do Interior, a resposta ao chamado do chefe do exército, o general Abdel Fatah al-Sissi, a protestar na sexta-feira para conceder a ele um mandato com o objetivo de "acabar com o terrorismo" demonstra que o povo "deseja a estabilização do país sob a proteção do exército e da polícia".
Os partidários de Mursi encaram os incidentes violentos deste sábado como resultado direto do discurso do general Sissi, artífice da deposição do primeiro presidente eleito democraticamente no Egito. "Estas declarações de Sissi incitam a violência e o ódio e servem para encobrir os crimes odiosos do exército e da polícia egípcios", afirmaram.
Em Rabaa al-Adawiya, jovens islamitas com capacetes e paus gritavam "Sissi assassino". "O general Sissi é o homem forte do novo regime", disse Mustafa Kame el-Sayed, professor de ciência política da Universidade do Cairo, que acrescentou que "desfruta do apoio de grande parte da população devido a sua ação contra a Irmandade Muçulmana".
Condenações internacionais
Os egípcios se mobilizaram em massa na sexta-feira em todo o país, respondendo às convocações realizadas pelos dois grupos. Oito manifestantes morreram e 194 ficaram feridos durante os confrontos em Alexandria (norte), a segunda maior cidade do país, segundo um último balanço. No exterior, vários países europeus condenaram a violência. Londres condenou o "uso da força contra os manifestantes" e Paris pediu "a todas as partes, especialmente ao exército, a maior contenção".
A representante da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse "lamentar profundamente as perdas humanas". A violência relacionada aos problemas políticos do país deixou mais de 250 mortos em um mês.
Por outro lado, a justiça ordenou na sexta-feira a prisão preventiva por no máximo 15 dias de Mohamed Mursi, que permanece detido pelo exército em um local secreto desde o dia de sua deposição.
O tribunal do Cairo que ordenou sua prisão preventiva o acusa de ser supostamente cúmplice de operações fatais contra as forças de segurança, imputadas ao Hamas palestino e levadas adiante durante a revolta contra o presidente Hosni Mubarak em 2011.
As acusações se centram principalmente na ajuda que o Hamas teria fornecido para fugir da prisão na qual o regime de Mubarak o havia detido.
No entanto, em um hospital de campanha dos pró-Mursi, um jornalista da AFP contou 37 cadáveres cobertos com lençóis brancos sobre os quais estavam escritos seus nomes. Todos foram atingidos por balas, segundo Amal Ahmad Ibrahim, médico deste centro, que informou que um número indeterminado de corpos foi levado a outros locais. Por sua vez, Mohamed Sultan, dos serviços de emergência do ministério da Saúde, disse que seu balanço chegava a 29 mortos, excluindo os 37 do hospital de campanha.
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A violência explodiu após a realização de grandes manifestações dos dois grupos na sexta-feira e horas após o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, advertir que o acampamento que os partidários de Mursi mantêm há quase três semanas ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya, na capital do Egito, será desmantelado.
Após os confrontos, Ibrahim voltou a insistir na ideia neste sábado e disse que fará com que os partidários do presidente Mursi sejam dispersados "muito em breve" dos locais ocupados. As forças de segurança agirão "no âmbito da lei", tentando fazer com que exista "o menor número de perdas possível" e pediu que os manifestantes abandonem o local "para evitar um derramamento de sangue".
Desde que o exército derrubou Mursi, dezenas de milhares de partidários da Irmandade Muçulmana, movimento do qual Mursi faz parte, permanecem acampados ao redor da mesquita Rabaa al-Adawiya, no bairro de Nasr City, e nos arredores da universidade do Cairo, com a intenção de conseguir sua reincorporação.
Os confrontos explodiram perto desta mesquita quando partidários do presidente deposto tentaram na manhã deste sábado bloquear a estrada que leva ao aeroporto do Cairo.
Incitação à violência
O porta-voz do ministério do Interior, o general Hani Abdelatif, afirmou que os manifestantes pró-Mursi se enfrentaram com os vizinhos de um bairro próximo e que as forças de segurança se interpuseram.
A polícia "utilizou apenas gás lacrimogêneo", disse o porta-voz, insinuando que as dezenas de falecidos que os islamitas lamentam morreram pelas mãos dos moradores dos arredores.
Para o porta-voz do ministério do Interior, a resposta ao chamado do chefe do exército, o general Abdel Fatah al-Sissi, a protestar na sexta-feira para conceder a ele um mandato com o objetivo de "acabar com o terrorismo" demonstra que o povo "deseja a estabilização do país sob a proteção do exército e da polícia".
Os partidários de Mursi encaram os incidentes violentos deste sábado como resultado direto do discurso do general Sissi, artífice da deposição do primeiro presidente eleito democraticamente no Egito. "Estas declarações de Sissi incitam a violência e o ódio e servem para encobrir os crimes odiosos do exército e da polícia egípcios", afirmaram.
Em Rabaa al-Adawiya, jovens islamitas com capacetes e paus gritavam "Sissi assassino". "O general Sissi é o homem forte do novo regime", disse Mustafa Kame el-Sayed, professor de ciência política da Universidade do Cairo, que acrescentou que "desfruta do apoio de grande parte da população devido a sua ação contra a Irmandade Muçulmana".
Condenações internacionais
Os egípcios se mobilizaram em massa na sexta-feira em todo o país, respondendo às convocações realizadas pelos dois grupos. Oito manifestantes morreram e 194 ficaram feridos durante os confrontos em Alexandria (norte), a segunda maior cidade do país, segundo um último balanço. No exterior, vários países europeus condenaram a violência. Londres condenou o "uso da força contra os manifestantes" e Paris pediu "a todas as partes, especialmente ao exército, a maior contenção".
A representante da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse "lamentar profundamente as perdas humanas". A violência relacionada aos problemas políticos do país deixou mais de 250 mortos em um mês.
Por outro lado, a justiça ordenou na sexta-feira a prisão preventiva por no máximo 15 dias de Mohamed Mursi, que permanece detido pelo exército em um local secreto desde o dia de sua deposição.
O tribunal do Cairo que ordenou sua prisão preventiva o acusa de ser supostamente cúmplice de operações fatais contra as forças de segurança, imputadas ao Hamas palestino e levadas adiante durante a revolta contra o presidente Hosni Mubarak em 2011.
As acusações se centram principalmente na ajuda que o Hamas teria fornecido para fugir da prisão na qual o regime de Mubarak o havia detido.