Agência France-Presse
postado em 29/07/2013 09:22
Avellino, Itália - O Ministério Público de Avellino, no sul da Itália, abriu nesta segunda-feira (27/7) uma investigação por "homicídio culposo" após o acidente com um ônibus de peregrinos que deixou na noite de domingo 39 mortos e uma dezena de feridos em estado grave na região de Nápoles. "Até o momento, o balanço chega a 39 mortos", anunciou na manhã desta segunda-feira o ministro italiano dos Transportes, Maurizio Lupi.O ônibus transportava 48 passageiros, todos da província de Nápoles, que retornavam de uma peregrinação a Pietrelcina, o povoado natal do Padre Pio, um sacerdote italiano canonizado em 2002 e muito venerado no sul da Itália. Muitas crianças estavam a bordo.
O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, em visita a Atenas, se referiu nesta segunda-feira (29) ao acidente como um "momento muito triste para a Itália". Antes de iniciar sua intervenção durante uma conferência sobre a Europa e a crise, o chefe do governo italiano fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.
Segundo meios de comunicação italianos, o Ministério Público de Avellino abriu uma investigação por "homicídio culposo". A investigação não se centrará apenas na eventual responsabilidade do motorista do ônibus, falecido no acidente, mas também no estado do veículo e na qualidade da barreira de proteção destruída pelo ônibus.
A polícia rodoviária já apreendeu os documentos do veículo na sede da Mondotravel, a empresa de transportes a qual o ônibus pertencia. O corpo do condutor também será examinado para verificar se havia consumido drogas ou álcool antes do acidente.
Trata-se de um dos acidentes rodoviários mais mortíferos dos últimos anos na Europa. O último, que ocorreu em março de 2012 na Suíça, deixou 28 mortos, entre eles 22 crianças. Durante toda a noite, os bombeiros trabalharam à luz de lanternas e em condições muito difíceis devido ao complicado acesso ao local onde o ônibus se acidentou.
A tragédia ocorreu em um viaduto da estrada A16 Nápoles-Bari, na zona de Monteforte Irpino, província de Avellino, 50 km a leste de Nápoles. O ônibus chegou em alta velocidade a uma descida, apesar das muitas placas sobre a velocidade máxima, e provocou uma enorme colisão em cadeia ao se chocar contra vários veículos que trafegavam em menor velocidade. O fotógrafo da AFP contabilizou ao menos sete ou oito carros empilhados uns sobre os outros.
Logo depois, o ônibus atingiu a barreira de segurança de um viaduto, antes de voar literalmente e se chocar contra a vegetação 30 metros abaixo. Vários passageiros foram lançados para fora do veículo. "A cena é trágica. Na estrada há carros destruídos, ao menos uma dezena (...) e embaixo há cerca de 30 corpos cobertos com lençóis brancos alinhados na estrada principal", contou um fotógrafo da imprensa italiana.
Nesta segunda-feira (29), as equipes de resgate continuavam trabalhando, especialmente para retirar com gruas os destroços dos veículos afetados pelo acidente, constataram dois jornalistas da AFP. O ônibus, partido em dois, foi retirado pela manhã.
Segundo testemunhas, o ônibus, que retornava a Nápoles, pode ter tido problemas nos freios. Uma sobrevivente, citada por seu tio, afirmou que um dos pneus do veículo explodiu e que o motorista não conseguiu controlar o veículo. Segundo a polícia rodoviária, não há marcas de freios do ônibus no local do acidente.