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Santiago de Compostela chora as vítimas de acidente ferroviário

Os enterros e o luto dividem as atenções com a investigação das causas da tragédia, que apontam principalmente para o excesso de velocidade do trem

Agência France-Presse
postado em 29/07/2013 10:21
Santiago de Compostela - Santiago de Compostela realiza nesta segunda-feira (29/7) em homenagem às 79 vítimas do descarrilamento do trem na Espanha, depois que o maquinista foi colocado em liberdade sob controle judicial com acusações de homicídio por imprudência. Na catedral da conhecida cidade de peregrinação e na grande praça adjacente do Obradoiro, muitas pessoas começaram na própria quinta-feira a prestar homenagens às vítimas depositando flores, velas, notas manuscritas e oferendas a São Tiago, padroeiro da região.

Criança passa por velas velas e flores deixadas do lado de fora de uma catedral em memória das vítimas do acidente de trem em Santiago de Compostela, no noroeste da Espanha
Após a realização durante o fim de semana dos primeiros enterros em diferentes povoados da Espanha, nesta segunda-feira às 19h (14h de Brasília) será feita uma homenagem especial a todas elas com um funeral na catedral de Santiago, a última parada da viagem realizada todos os anos por centenas de peregrinos católicos. O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, o príncipe herdeiro Felipe, sua esposa Letizia e a filha mais velha do rei, a infanta Elena, comparecerão à cerimônia ministrada pelo arcebispo de Santiago.

Os enterros e o luto dividem as atenções com a investigação das causas da tragédia, que apontam principalmente para o excesso de velocidade do trem. Francisco José Garzón Amo, de 52 anos e maquinista desde 2003, foi acusado no domingo de "79 crimes de homicídio, todos eles cometidos por imprudência", e foi colocado em liberdade sob controle judicial, anunciou o tribunal regional da Galícia.



[SAIBAMAIS]O maquinista, que teria admitido "um descuido" diante do juiz, segundo o jornal El País, ficou em liberdade provisória sem fiança, mas precisará comparecer todas as semanas ao tribunal e durante seis meses não poderá dirigir trens ou deixar o país sem autorização. Garzón é suspeito de não ter freado a tempo na entrada de um trecho no qual a velocidade autorizada passa de 220 a 80 km/hora a 4 km da estação de Santiago de Compostela. Foi neste lugar, em uma curva perigosa, onde ocorreu o acidente que levou ao descarrilamento das duas locomotivas e dos oito vagões quando, segundo o maquinista, corria a 190 km/h.

Depois de ter sido detido na quinta-feira quando estava no hospital, foi levado à delegacia e no domingo chegou ao tribunal algemado, com óculos de sol e um hematoma no rosto. Ferido no acidente, a fotografia de Garzón sendo socorrido pelos serviços de emergência com o rosto ensanguentado e aspecto aturdido rodaram o mundo.

O comparecimento perante o juiz Luis Alaez, que durou cerca de duas horas, ocorreu no mesmo dia em que o governo da Galícia elevou o balanço de vítimas fatais a 79 pelo falecimento de uma mulher de nacionalidade americana. Com ela, chega a 8 o número de estrangeiros falecidos, entre eles uma mexicana, uma dominicana, uma venezuelana e um brasileiro. Além disso, ainda há 70 pessoas internadas, 22 delas em estado grave. A investigação deve esclarecer o que ocorreu na cabine de comando antes das 20h42, hora do acidente, e se o maquinista, apesar de ter percorrido esta via ao menos 60 vezes, cometeu um erro ou uma imprudência.

Uma pequena multidão já estava reunida na praça de Obradoiro, em frente à catedral, onde desde quinta-feira os peregrinos depositam buquês de flores, oferendas e pequenas mensagens de solidariedade. Um telão foi instalado na praça vizinha de Quintana, que já recebia milhares de pessoas.

"Eu vim porque sou de Santiago e porque alguns conhecidos meus morreram no acidente, e eu conhecia suas famílias", disse Mari Carmen Figueroa, de cerca de 60 anos.

O acidente aconteceu no dia 24 de julho e deixou 79 mortos. Sessenta e nove pessoas permaneciam internadas nesta segunda, sendo 22 em estado grave. A investigação deve esclarecer o que ocorreu na cabine de comando antes das 20h42, hora do acidente, e se o maquinista, apesar de ter percorrido esta via pelo menos 60 vezes, cometeu um erro ou uma imprudência

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