Agência France-Presse
postado em 01/08/2013 08:48
Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, encorajado pelo avanço das tropas em duas frentes rebeldes, disse nesta quinta-feira (1;/8) estar certo da vitória na guerra civil que atinge a Síria, e, pela primeira vez em mais de dois anos, deixou a capital para visitar a cidade de Daraya, ex-reduto insurgente. "Se na Síria não estivéssemos certos da vitória, não teríamos a capacidade de resistir e não teríamos podido prosseguir (a batalha) após mais de dois anos de agressão", indicou o chefe de Estado em uma mensagem dirigida aos militares por ocasião da festa do exército.As declarações são feitas após a tomada por parte do exército de Khaldiye, um bairro-chave de Homs, terceira cidade da Síria e símbolo da revolta contra o regime, e quase dois meses após a vitória em Qousseir, um bastião rebelde tomado após um ano de resistência. Logo depois destas declarações, a rede de televisão estatal anunciou que Assad visitou Daraya, um ex-bastião rebelde próximo à capital Damasco.
Desde o início do conflito na Síria, há mais de dois anos, Assad saiu poucas vezes da capital. "O presidente Assad inspeciona neste momento uma unidade de nossas forças armadas em Daraya, em função de uma festa do exército", indicou a televisão estatal, que não difundiu imagens. O Facebook da presidência síria publicou uma foto do presidente saudando um soldado em uma zona na qual se via indícios de destruição.
O conflito sírio, no qual morreram mais de 100 mil pessoas, segundo a ONU, se estende há mais de dois anos entre as tropas do regime - dotadas de uma poderosa aviação e apoiadas há meses pelo Hezbollah libanês - e os rebeldes menos equipados, classificados por Damasco de "terroristas apoiados pelo exterior. "Minha fé em vocês é grande e tenho confiança em sua capacidade (...) para desenvolver sua missão nacional", disse Assad ao se dirigir aos soldados por ocasião do 68; aniversário da criação do Exército da Síria, após o fim do mandato francês.
"Vocês demonstraram uma valentia excepcional na batalha contra o terrorismo e deixaram o mundo impressionado por sua resistência (...) ao enfrentar a guerra mais brutal e feroz da história moderna", disse o presidente. O regime consolida sua presença na província central de Homs e tenta retomar territórios no norte do país, entre eles na região de Aleppo. Segundo os especialistas, os beligerantes tentam dividir a Síria antes de uma conferência de paz internacional, chamada de "Genebra 2", proposta por Rússia e Estados Unidos, mas cuja realização parece difícil devido às grandes divergências sobre seu objetivo e seus participantes.
Após a queda de Khaldiye, o exército bombardeava violentamente nesta quinta-feira o centro histórico de Homs, um dos últimos bastiões rebeldes da cidade, matando dois civis, incluindo uma criança, em paralelo a combates na periferia deste setor, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). O bairro periférico e popular de Waer também sofreu intensos bombardeios de madrugada, segundo um vídeo que mostra bombardeios e várias bolas de fogo no setor.
As tropas governamentais também atacam as localidades rebeldes Rastan, Talbise, Dar al-Kabira e Hula, todas na província de Homs. Além disso, o exército segue sua ofensiva perto de Damasco e na região de Idleb (noroeste), onde foram lançados barris de explosivos contra várias localidades, segundo o OSDH.
Investigação da ONU sobre armas químicas
No norte, onde os rebeldes retomaram há uma semana a localidade estratégica de Khan al-Assal, a oeste de Aleppo, o exército tentava recuperar espaço ao dominar a região de Rachdiye, a leste desta cidade, a segunda da Síria, segundo o Observatório. "As tropas tomaram de assalto a localidade e incendiaram as casas", indicou a ONG, que se baseia em uma ampla rede de fontes civis, médicas e militares.
Foi em Khan al-Assal que o regime e a oposição se acusaram mutuamente de terem utilizado armas químicas em março. Na quarta-feira (30/7), a ONU anunciou que integrantes da organização irão à Síria para investigar simultaneamente três locais nos quais há suspeitas de uso destas armas.
Dois enviados especiais da ONU a Damasco, entre eles o sueco Ake Sellstrom, conseguiram alcançar na semana passada um acordo sobre este tema com o regime e, segundo o diplomata, a missão pode viajar à Síria a partir da próxima semana.Até agora Damasco havia bloqueado todos os pedidos de investigação da ONU. Segundo o porta-voz, os investigadores viajarão a Khan al-Assal, a Otayaba (perto de Damasco) e a Homs, onde ocorreu um ataque suspeito no dia 23 de dezembro.