CHICAGO - Ariel Castro foi condenado à prisão perpétua nesta quinta-feira (1/8) pelo sequestro e estupro de três jovens por uma década, durante uma audiência marcada pelo testemunho comovente de uma das vítimas e a defesa confusa do sequestrador de Cleveland.
Ariel Castro nunca deixará a prisão, declarou o juiz Michael Russo ao anunciar a condenação, sem possibilidade de liberdade condicional, do ex-motorista de ônibus, que se declarou culpado para escapar da pena de de morte por 937 acusações, incluindo estupro e homicídio agravado -por ter interrompido várias gravidezes de uma de suas reféns.
"Eu não sou um monstro, eu sou uma pessoa normal. Estou apenas doente", se defendeu Castro, vestindo o tradicional uniforme laranja de presidiário.
Durante seu depoimento ao juiz, Ariel Castro, de rosto redondo coberto com uma barba marrom e óculos retangulares, virou-se ocasionalmente para Michelle Knight, de 32 anos, uma das três vítimas presente no tribunal.
"Eu nunca bati nessas mulheres, eu nunca as torturei", assegurou o sequestrador, firme em suas declarações desconexas. "A maioria das relações sexuais que aconteceram naquela casa, quase todas, foram consentidas. Dizer que eu as forcei é completamente errado, houve até mesmo momentos em que elas pediram".
Suas declarações se seguiram ao comovente testemunho de Michelle Knight, que contou ao tribunal, em lágrimas, o "inferno" que viveu na casa de Cleveland, após o seu rapto por Ariel Castro.
"Eu vivi onze anos de inferno, agora o seu inferno está apenas começando", prometeu ao seu agressor, enxugando as lágrimas.
"Eu vou superar o que aconteceu. Você viverá no inferno por toda a eternidade", disse ela, lendo um texto preparado com antecedência. "Eu posso perdoar, mas nunca vou esquecer", acrescentou, na frente de um impassível Ariel Castro.
"Eu viverei (...) enquanto você morrerá pouco a pouco a cada dia pensando nos onze anos e nas atrocidades que você nos infligiu", declarou.
Os policiais descreveram ao tribunal o horror que eles encontraram na casa de Ariel Castro.
A oficial de polícia Barb Johnson contou como ela descobriu as três jovens em cativeiro: "Eu me lembro de um ambiente muito sombrio", relatou, ao falar da dificuldade em subir as escadas cheias de móveis empilhados e "cortinas pesadas". Depois, Michelle Knight "literalmente se jogou nos braços" de um segundo policial e repetia sem parar: ;Vocês nos salvaram, vocês nos salvaram;".
Michelle Knight, de 32 anos, Amanda Berry, de 27, e Gina DeJesus, de 23, foram sequestradas na rua em momentos diferentes quando tinham respectivamente 20, 16 e 14 anos. Durante os anos de cativeiro, elas eram constantemente espancadas e estupradas. Amanda Berry também teve uma filha, Jocelyn, nascida em cativeiro e com seis anos no momento da libertação. Testes de DNA confirmaram que Castro era o pai.