Agência France-Presse
postado em 02/08/2013 11:22

O presidente eleito do Irã dará prioridade à questão nuclear, ao diálogo com o Ocidente e à melhora da situação econômica do país. No sábado (3), durante uma cerimônia oficial na presença das autoridades de mais alto escalão do país, o Guia Supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, deverá aprovar a eleição do novo presidente.
Depois, Rohani deverá prestar juramento no domingo (4/8)ante o Parlamento na presença, pela primeira vez, de chefes de Estado estrangeiros. Uma dezena de presidentes de países da região estarão presentes. Javier Solana, ex-chefe da diplomacia europeia e negociador com o Irã em matéria nuclear em nome das grandes potências, pode ser o único representante ocidental presente.
Rohani, um religioso moderado, foi eleito no primeiro turno com 50,68% dos votos, depois de ter recebido o apoio de dois ex-presidentes, o reformista Mohamed Khatami (1997-2005) e o moderado Akbar Hachemi Rafsandjani (1989-1997). Durante a longa carreira, Rohani foi vice-presidente do Parlamento e chefe das negociações nucleares entre 2003 e 2005. Foi neste período que Rohani recebeu o apelido de "xeque diplomático".
Em 2003, durante negociações com Paris, Londres e Berlim, Rohani havia aceitado suspender as atividades relacionadas ao enriquecimento de urânio e aplicar o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que permite inspeções sem aviso prévio das instalações nucleares iranianas.
Depois de assumir as funções, Rohani terá duas semanas para apresentar seu governo ao Parlamento, que, por sua vez, terá dez dias para se pronunciar sobre cada ministro. Mas, segundo fontes próximas ao presidente, a lista já finalizada será apresentada imediatamente depois de Rohani assumir seu cargo. Os meios de comunicação iranianos inclusive já divulgaram os nomes dos futuros ministros. Ministro do Petróleo sob a presidência de Khatami, espera-se que Bijan Namadar Zanganeh volte a assumir a mesma pasta.
[SAIBAMAIS]Num momento em que o Irã está submetido a fortes sanções internacionais devido ao seu programa nuclear, o novo ministro deverá desenvolver ao mesmo tempo a indústria petroleira e do gás, que precisa de enormes investimentos, e aumentar as exportações. Há um ano, as sanções reduziram em mais de 50% as receitas petroleiras do país. Além disso, espera-se que o ex-embaixador do Irã ante a ONU (2002-2007), Mohamed Javad Zarif, ocupe a pasta de Relações Exteriores. Figura moderada e respeitada, Zarif teve um papel importante nas negociações nucleares entre 2003 e 2005.
Segundo a imprensa, a questão nuclear pode passar das mãos do Conselho Supremo da Segurança Nacional (CSSN) para as do Ministério das Relações Exteriores, e estaria sob o controle direto do presidente Rohani. Zarif, assim como vários membros do próximo governo, estudaram nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Rohani obteve um doutorado em direito constitucional na universidade de Glasgow, no Reino Unido. "Se a lista publicada pela imprensa se confirmar, entrarão no governo principalmente tecnocratas próximos ao presidente Akbar Hachemi Rafsandjani", declarou um analista que pediu o anonimato.
Os grandes ausentes seriam os reformistas, como Mohamed Reza Aref, que se retirou da eleição presidencial em benefício de Rohani. Pouco depois de ser eleito presidente, Rohani defendeu uma política "de interação construtiva com o mundo", mas sem ceder aos direitos nucleares do Irã.