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Partido de Mugabe consegue maioria legislativa no Zimbábue

O partido Zanu-PF garantiu dois terços das 210 cadeiras da Assembleia Nacional

Agência France-Presse
postado em 03/08/2013 18:27
Harare - O partido do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que está no poder desde a independência do país em 1980, obteve maioria qualificada dos votos da Assembleia Nacional, segundo um registro oficial da Comissão Eleitoral (ZEC) neste sábado.

A Comissão anunciou na tarde deste sábado (horário local) o resultado das eleições legislativas e declarou o partido de Mugabe, Zanu-PF, vencedor em 13 circunscrições suplementares, garantindo assim dois terços das 210 cadeiras da Assembleia, marca necessária para a maioria qualificada. O resultado da eleição presidencial deve ser anunciado na próxima segunda-feira. Uma autoridade indicou que a Zanu-Pf totalizava 158 assentos.

[SAIBAMAIS]Herói da independência antes de levar seu país à ruína, Mugabe, de 89 anos, está agora em posição de emendar a Constituição mais liberal promulgada há menos de três meses.

Logo após esse anúncio, o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, anunciou a sua intenção de boicotar o governo que será formado após as eleições, que ele classificou de ilegais, em razão das fraudes, e cujo resultado pretende contestar na justiça.

"Não participaremos das instituições do governo", declarou Tsvangirai durante uma entrevista coletiva à imprensa ao final de uma reunião de crise das instâncias dirigentes do seu partido, o MDC, que havia se associado ao poder em 2009 em um governo de união nacional. "Iremos à justiça", acrescentou.

As irregularidades denunciadas pelo primeiro-ministro Tsvangirai e por seu partido MDC foram graves o suficiente para justificar a saída de um membro da comissão eleitoral neste sábado.



"Não quero enumerar os vários motivos de minha demissão, mas eles estão todos relacionados à maneira como as eleições gerais de 2013 no Zimbábue foram convocadas e organizadas", declarou Mkhululi Nyathi, em uma carta de demissão à qual a AFP teve acesso.

"Durante todo o tempo, eu mantive uma dose de esperança de que a integridade de todo o processo pudesse ser salvo no final das contas. Isso não aconteceu, e por isso tomei a decisão de me demitir", completou Nyathi.

Organizado às pressas, o processo eleitoral foi marcado pela ausência de um grande número de eleitores dos registros de votação ou inscritos fora de seus centros habituais. As listas foram divulgadas apenas na véspera da votação, impossibilitando uma verificação ou recursos.

Em 2008, Morgan Tsvangirai ficou em primeiro na eleição presidencial, mas militantes de Mugabe atacaram seus adversários, deixando cerca de 200 mortos.

Tsvangirai se retirou entre os dois turnos para evitar um banho de sangue generalizado. Depois, ele se associou ao presidente a pedido dos países vizinhos, e se tornou primeiro-ministro, saudado por seu espírito de paz, mas ficando relativamente sem poder político.

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) é a organização regional que coordenou os esforços de mediação para evitar uma guerra civil em 2008, estabelecendo Tsvangirai como primeiro-ministro.

Na ausência de observadores ocidentais, ela teve a pesada responsabilidade de representar a comunidade internacional e defender a democracia no Zimbábue, sem ceder à tentação de prolongar a "pax Mugabe" para evitar novos episódios de violência.

"As eleições, levando-se em consideração as circunstâncias, foram realizadas de maneira satisfatória e não há razão para que sejam anuladas", havia declarado na sexta-feira o chefe da missão da SADC, o tanzaniano Bernard Membe. Washington, no entanto, colocou em dúvida o resultado das eleições.

"Os Estados Unidos não acham que os resultados anunciados representem a expressão concreta da vontade do povo do Zimbábue", afirmou o chefe de Estado americano, John Kerry, em um comunicado.

Na última década, o Zimbábue foi assolado por uma recessão marcada por uma inflação galopante e pela saída de milhões de pessoas para o exterior.

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