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EUA decidiram fechar embaixadas após interceptar conversas da Al-Qaeda

Nesta segunda-feira serão reabertas ao público as representações de Daca, Argel, Nouakchott, Cabul, Herat, Mazar el Sharif, Bagdá, Basra e Erbil.

Agência France-Presse
postado em 04/08/2013 18:23
WASHINGTON - A decisão dos Estados Unidos de fechar a maior parte de suas embaixadas em países árabes neste domingo (4/8) foi consequência da interceptação de conversas telefônicas de líderes da Al-Qaeda sobre operações relativas à realização de um ataque de grande magnitude, informaram parlamentares americanos.

"Há uma importante e crescente ameaça e nós estamos reagindo a ela", afirmou o general Martin Dempsey, chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos em entrevista à rede de televisão ABC.

Dempsey disse que as localizações específicas e os objetivos dos ataques eram desconhecidos, mas sabiam da vontade de "atacar interesses ocidentais, não somente interesses americanos".

Pelo menos 25 embaixadas e consulados dos Estados Unidos foram fechados neste domingo, a maior parte no Oriente Médio e no Magreb, em resposta a uma possível ameaça.

Além disso, Washington prolongou neste domingo o fechamento de algumas de suas representações até 10 de agosto e incluiu novas missões nesta decisão.

O democrata Dutch Ruppersberger, que faz parte do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, disse à ABC que a Al-Qaeda estava concentrada em preparativos para um ataque.

Ruppersberger disse que os Estados Unidos conseguiram esta informação porque "a cúpula da Al-Qaeda na península da Arábia fez referência a um ataque de grande porte".

A ABC News, citando um funcionário não identificado do governo americano, afirmou que é grande a preocupação de que a Al-Qaeda consiga realizar um ataque suicida com bombas implantadas cirurgicamente em uma pessoa, com o objetivo de evitar os controles de segurança.

O presidente do Comitê de Segurança Interna da Câmara dos Representantes, Michael McCaul, declarou, por sua vez, que os Estados Unidos estão em alerta diante do que chamou de "talvez uma das piores ameaças concretas e específicas desde o 11 de setembro".

McCaul disse ainda que o ataque parecia ser iminente, possivelmente para coincidir com a última noite do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos.

A ameaça ocorre no momento em que milhares de acusados de terrorismo fugiram de prisões no Iraque, na Líbia e no Paquistão, acrescentou o político.

Nos Estados Unidos, o momento atual também é de debate sobre os programas de monitoramento das redes de comunicação da Agência Nacional de Segurança (NSA), descobertos depois que o ex-técnico da inteligência Edward Snowden vazou as informações para a imprensa.

Os políticos americanos que apoiam os programas de vigilância da NSA se apressaram em destacar o papel das interceptações eletrônicas na detecção de ameaças, enquanto rejeitam a ideia de que as ameaças são uma cortina de fumaça para tirar o foco da espionagem americana.

O representante republicano Peter King, membro do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, disse que a informação sobre os ataques é muito especifica, incluindo os métodos que seriam utilizados e também algumas datas.

Por sua vez, Saxby Chambliss, membro do Comitê de Inteligência do Senado, comparou estas informações às advertências recebidas pelas autoridades antes dos ataques do 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.

"O que temos ouvido são alguns detalhes sobre o que seria feito e que algumas pessoas estão fazendo planos como ocorreu antes do 11 de setembro de 2001", disse Chambliss à rede de televisão NBC.


=== Ameaça global ===

Além das legações dos Estados Unidos, a embaixada do Reino Unido no Iêmen permanecerá fechada, pelo menos, até o final da festa muçulmana do Eid al-Fitr, que marca o fim do jejum do Ramadã.

A embaixada da Alemanha também estava fechada nesse país e a França informou que suas representações diplomáticas serão mantidas fechadas até quinta-feira, enquanto a Noruega anunciou o fechamento de suas embaixadas na Jordânia e na Arábia Saudita.

A ameaça de atentados da Al-Qaeda afeta todas as representações ocidentais, advertiu o chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, Martin Dempsey. As ameaças são "mais específicas", mas não se sabe o alvo exato.

O alerta de Washington indicava um risco elevado de atentados da Al-Qaeda em agosto, "principalmente no Oriente Médio e no norte da África" e "na Península Arábica". Uma reunião sobre as ameaças terroristas da Al-Qaeda foi realizada sábado na Casa Branca.

O fechamento da embaixada da França pode durar "vários dias", indicou o presidente francês, François Hollande, enquanto o Canadá decidiu fechar de forma preventiva sua representação diplomática em Dacca, Bangladesh.

No sábado, a Interpol também emitiu um alerta global de segurança no qual pedia que os países membros desta organização de cooperação policial aumentassem a vigilância frente à ameaça da Al-Qaeda, já que o mês de agosto marca o aniversário de vários "ataques terroristas violentos" em Índia, Rússia e Indonésia.

Em uma gravação que circula nos fóruns jihadistas há um mês, o líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, acusa os Estados Unidos de terem armado um "complô" com o Exército egípcio e com a minoria copta para destituir o presidente islamita Mohamed Mursi no início de julho.

Na quinta-feira, o presidente americano, Barack Obama, agradeceu ao seu colega iemenita Abd Rabbo Mansur Hadi, em visita aos Estados Unidos, por sua "sólida cooperação" na luta contra a Al-Qaeda.

A visita de Hadi ocorreu no momento em que Washington realiza várias operações contra os radicais islâmicos no Iêmen, em particular bombardeios de drones (aviões não tripulados), com a autorização tácita de Sanaa, que enfrenta a violência de grupos armados.

A Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), com base no Iêmen e muito ativa, é considerada pelos Estados Unidos o braço mais perigoso da rede extremista no mundo.

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