Mundo

Escalada do terrorismo deixa o Iraque à beira de uma guerra civil

Saída de tropas norte-americanas, em 2011, abriu espaço para crescimento da rede Al-Qaeda

Rodrigo Craveiro
postado em 05/08/2013 07:00
O engenheiro Ammar Hatem Al-Marzoogee, 28 anos, evita sair de casa para fazer compras. Sabe que pode encontrar, pelo caminho, um extremista suicida ou um carro-bomba. Duas semanas atrás, o morador de Basra, 450km ao sul de Bagdá, foi surpreendido pelo barulho de uma explosão. ;Eu estava indo de carro para o mercado. Depois, me contaram que o atentado matou cinco pessoas no mesmo local;, contou ao Correio, por meio da internet. ;Eu não tenho esperança alguma de que haverá paz no Iraque. Apenas Deus pode ajudar o meu país, ninguém mais;, acrescentou Ammar. Na capital, Ahmed Fouad, 32 anos, responde de pronto ao ser questionado se já presenciou atentados. ;Todos os dias. Na última terça-feira, um carro explodiu a 100m de mim, deixando muitos mortos. Em 2006, fui atingido por outra bomba, mas, graças a Deus, sobrevivi;, lembra. A vida no Iraque tem sido assim: uma mistura de medo, desilusão, desconfiança e memórias dolorosas. De acordo com as Nações Unidas, somente em julho, 1.057 iraquianos morreram e 2.326 ficaram feridos ; o mês mais sangrento desde junho de 2008. Ante a ausência das forças norte-americanas, extremistas ligados à rede Al-Qaeda semeam a violência, acirram as tensões internas e aproveitam a porosa fronteira do norte para levar o terror também à Síria.

;Depois da retirada dos EUA (em 17 de dezembro de 2011), um governo fraco foi instalado. O grande problema, no entanto, é a divisão sectária em curdos, xiitas e sunitas;, desabafou o engenheiro petrolífero Abdulsalam Jumaily, morador de Faluja. Antes de abandonarem o país, os norte-americanos gastaram US$ 25 bilhões com o treinamento de 1 milhão de soldados iraquianos, que se mostram incapazes de restaurar a ordem. Há uma semana, 17 carros-bomba explodiram no sul do Iraque e nos bairros xiitas de Bagdá, matando 60 pessoas. O fim de semana também foi marcado por uma onda de atentados em diversas partes do país: pelo menos 24 morreram no sábado e seis ontem. Entre as vítimas, estava um juíz.

;Os americanos deixaram tudo para trás. Pelo menos 2 mil deles deveriam ter ficado no país. O premiê, Nuri Al-Maliki, tem se mostrado fraco e seu governo está marcado pela corrupção e pela insegurança. Além disso, os militares iraquianos não têm lealdade;, disse Louay Bahry, ex-cientista político da Universidade de Bagdá.

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