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"Não há cidadãos de 1ª ou de 2ª classe", diz gay que se casou no Uruguai

Homem se casou com companheiro em estado terminal

Rodrigo Craveiro
postado em 06/08/2013 06:01
Sergio Miranda (E) e Rodrigo Borda: pedido de certidão em cartório

De um lado, um homem saudável, com a vida inteira pela frente. De outro, um homem em estado terminal, que provavelmente passará o resto de seus dias sobre uma cama de hospital. Diante deles, a juíza de paz Luisa Salaberry, acompanhada de testemunhas, familiares e amigos. O primeiro casamento homossexual realizado no Uruguai ocorreu, ontem, ;in extremis; ; quando as condições de saúde de um dos nubentes não possibilita o trâmite normal, que exige um prazo de 10 dias úteis entre a celebração e o registro oficial. ;Foi muito, muito emotivo;, contou Salaberry ao jornal urugaio El Observador. De acordo com ela, o paciente, com câncer, permaneceu lúcido durante toda a cerimônia. Por volta das 7h30, a funcionária do Escritório 1 do Registro Civil, em Montevidéu, se deslocou até o hospital ao receber um atestado médico, segundo o qual um dos noivos corria risco iminente de morte. As identidades dos nubentes não foram divulgadas.

Às 19h10, o Registro Civil recebeu, em caráter inédito, o pedido de certidão de casamento por parte de um casal gay. A união entre o comunicador e produtor audiovisual Sergio Miranda, 45 anos, e o diretor de arte Rodrigo Borda, 39 anos, tornou-se ontem a primeira a seguir os procedimentos determinados por lei. ;É um dia histórico no Uruguai, em que entra em vigência a lei do matrimônio igualitário. De algum modo, é um dia em que todos temos os mesmos direitos. Não há mais cidadãos de primeira ou de segunda classe;, comemorou Miranda, em entrevista ao Correio, por telefone, de Montevidéu. ;Inscrevemo-nos no Registro Civil e, agora, temos que aguardar até o dia 16 para marcarmos a data do casamento;, contou.

Miranda destacou a importância do casamento ;in extremis;. ;A pessoa enferma deixa protegido o companheiro. Se essa lei não existisse, isso seria impossível;, afirmou o produtor, referindo-se aos direitos de herança. Ele e Rodrigo Borba pretendem se casar em setembro, o mês da diversidade no Uruguai. ;Temos uma responsabilidade grande, porque assumimos um compromisso civil com a sociedade, mas também sentimos uma alegria por compartilharmos nossas vidas;, declarou. O Senado uruguaio aprovou, em abril passado, a legalização do casamento gay por ampla maioria. Em outro exemplo de pioneirismo, o Congresso sancionou uma lei que legaliza o comércio da maconha.

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