Agência France-Presse
postado em 06/08/2013 10:07
São Petersburgo - Um sacerdote ortodoxo de 75 anos, muito crítico à hierarquia eclesiástica e que defendeu o grupo punk Pussy Riot, foi assassinado na segunda-feira (5/8) em Pskov (noroeste da Rússia), indicou nesta terça-feira (6/8) a polícia local. "O cadáver do sacerdote Pavel Adelgueim foi encontrado na noite de segunda-feira em Pskov com ferimentos causados por facadas" perto de uma igreja, indicou à AFP a polícia da cidade de Pskov, na fronteira com os países bálticos.Segundo os investigadores, o religioso foi assassinado por um jovem com problemas psiquiátricos que teria se alojado em sua casa por três dias. O homem, nascido em 1986, foi hospitalizado depois de ter se ferido com a faca, segundo a mesma fonte. A morte de Pavel Adelgueim, que esteve preso no gulag (campo de trabalhos forçados) na época soviética e que era conhecido por suas críticas aos líderes da igreja ortodoxa, causou grande comoção em todo o país.
[SAIBAMAIS]"O último sacerdote livre do Patriarcado de Moscou foi assassinado", escreveu o arquidiácono Andrei Kuraiev, um dos blogueiros ortodoxos mais conhecidos. Adelgueim havia criticado várias vezes as relações entre a Igreja ortodoxa e o Estado russo. Também foi um dos signatários de uma carta na qual várias personalidades do país pediam que o patriarca da Rússia defendesse as jovens do grupo Pussy Riot, condenadas por cantar uma oração punk na catedral de Cristo Salvador de Moscou na qual pediam que a Santa Virgem expulsasse Putin do poder.
"Estas mulheres desmascararam a mentira da Igreja ortodoxa russa e sua relação pouco natural com a Federação da Rússia", escreveu recentemente Adelgueim em seu blog. Duas das jovens, que queriam denunciar "a cumplicidade da Igreja e do Estado", cumprem atualmente uma pena de dois anos em uma colônia penitenciária.