Agência France-Presse
postado em 07/08/2013 00:03
Montevideu - O presidente do Uruguai, José Mujica, estimou nesta terça-feira que o Mercosul deve dar mais liberdade a seus membros para negociar com terceiros, e defendeu a aproximação com a Aliança do Pacífico."O Mercosul é um projeto que trata de envolver o máximo que se possa reunir da América Latina, mas é preciso modificar algumas disposições que há" no bloco, integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai (suspenso), disse Mujica em entrevista à AFP.
"Acredito que a lei do consenso hoje nos prejudica. Se vamos crescer, se queremos ser grandes, temos que ser flexíveis. Da mesma maneira que se um país não quer (se associar) a outro, também não devemos obrigá-lo".
Neste sentido, Mujica defendeu a necessidade de que o bloco dê "mais liberdade para se negociar com outros, especialmente quando há relações assimétricas", como é o caso de países menores, como Uruguai e Paraguai.
O Uruguai pediu este ano para se somar como observador à Aliança do Pacífico, formada por Chile, Peru, Colômbia e México, bloco que avança para uma área de livre comércio visando à Ásia, e que tem sido duramente questionado pelos países da Alba, liderados pela Venezuela.
Mujica citou, inclusive, a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a Aliança do Pacífico "esconde o interesse geopolítico de debilitar a Unasul e a Celac", para afirmar que tem "uma visão tática distinta".
"Se não quero que partam tenho que estar perto para guiá-los. Não vou mudar o mundo com declarações, digo isto ao Brasil. O Uruguai pode importar pouco, mas o Brasil pesa muito. Se o Brasil se afasta vamos para outro lado".
"Penso que isto é parte da geopolítica para isolar a China, que é uma luta entre gigantes, mas não podemos nos isolar da China. A cultura e a história nos unem à Europa, mas os negócios nos unem à China", explicou Mujica.
"O Mercosul é a última grande reserva agrícola que resta à humanidade" e a Ásia precisa da América do Sul.
"Podemos fazer todas as comunidades atlânticas que quisermos, mas deste lado há 40 países com 40 Parlamentos, com 40 governos que devem decidir entre isto e aquilo. Na China há apenas um comitê central que discute entre nove e 1.300 obedecem", concluiu Mujica.