Agência France-Presse
postado em 09/08/2013 11:10
Moscou - O Kremlin desmentiu nesta sexta-feira (9/8) as informações segundo as quais o presidente Vladimir Putin teria discutido com o chefe dos serviços de inteligência da Arábia Saudita, o príncipe Bandar ben Sultan, sobre a venda de armas russas a Riad em troca da retirada do apoio de Moscou a Damasco. "Temas concretos sobre o desenvolvimento da cooperação militar e outros aspectos da cooperação bilateral não foram abordados. Putin não falou sobre transações", enfatizou Yuri Ushakov, citado pelas agências russas.Na véspera, fontes diplomática comentaram que Moscou teria rejeitado uma proposta da Arábia Saudita de retirar seu apoio ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, em troca de um grande contrato de armamento e do compromisso de impulsionar a influência russa no mundo árabe. Putin, um dos principais apoios do presidente sírio, recebeu no dia 31 de julho no Kremlin o príncipe Bandar bel Sultan, chefe dos serviços de inteligência da Arábia Saudita, país que apoia os rebeldes sírios. Até o momento, Moscou não havia comentado oficialmente essas informações.
Segundo as fontes diplomáticas, a Arábia Saudita também teria proposto a compra por um montante de 15 bilhões de dólares de armas a Moscou e prometeu grandes investimentos no país. Segundo um diplomata árabe com contatos em Moscou, "o presidente Putin ouviu seu interlocutor, mas disse a ele que seu país não mudará de estratégia, apesar de suas propostas". "Bandar ben Sultan disse então a Putin que a única solução na Síria seria militar e que é preciso se esquecer de Genebra, já que a oposição não irá", acrescentou a fonte.
[SAIBAMAIS]Rússia e Estados Unidos tentam há meses organizar uma conferência de paz internacional em Genebra, mas até o momento não tiveram sucesso. As relações entre Moscou e Riad se deterioraram pelo conflito sírio. A Rússia acusou a Arábia Saudita de "financiar e armar os terroristas e grupos extremistas" na Síria.
Especialistas russos também consideraram improvável que Putin aceitasse a proposta saudita. "Este tipo de acordo parece muito pouco provável", declarou Alexandre Goltz, especialista militar do jornal de oposição online Ejednevny, lembrando que, para Putin, o apoio a Assad era "um assunto de princípios". "Nem mesmo os 15 bilhões de dólares, uma soma enorme que representa o volume de negócios de dois anos da Rosoboronexport (a agência russa de exportação de armas), mudarão algo", acrescentou.
Além disso, "a posição de Assad se reforça cada dia mais e o Kremlin está consciente disso. Traí-lo neste momento seria algo muito estúpido. Sem esquecer que os sauditas, em geral, demoram vários anos para cumprir suas promessas", afirmou outro especialista de segurança, Andrei Soldatov.