Agência France-Presse
postado em 09/08/2013 12:42
Madri -O governo espanhol tomará medidas legais para defender os interesses do país no conflito pelo território britânico de Gibraltar, afirmou nesta sexta-feira (9/8) o chefe do Executivo, o conservador Mariano Rajoy. "Tomaremos medidas legais e proporcionais para defender os interesses espanhóis", afirmou Rajoy à imprensa depois de conversar com o rei Juan Carlos sobre Gibraltar, cuja soberania é reivindicada por Madri e Londres."Nossa prioridade é que as coisas sejam faladas, discutidas, negociadas e acordadas no que diz respeito a Gibraltar e não tomar decisões que, depois, em um determinado momento, são irreversíveis", assegurou o chefe do governo espanhol. O ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, reafirmou nesta sexta-feira (9) ao jornal ABC que a Espanha considera a possibilidade de impor uma taxa para entrar ou sair de Gibraltar.
[SAIBAMAIS]No entanto, nesta sexta-feira (9) o ministério da Defesa espanhol autorizou o porta-aviões britânico "HMS Illustrious" a fazer escala na base naval de Rota, perto de Gibraltar. "Dentro de manobras rotineiras das quais se tinha conhecimento, a Marinha britânica solicitou dentro do protocolo que existe com todos os países aliados que o ;HMS Illustrious; atracasse em Rota e foi autorizado", explicou uma porta-voz do ministério.
Na quarta-feira (7/8), o chefe do governo britânico, David Cameron, advertiu sobre o "risco real" de que a tensão nas fronteiras de Gibraltar prejudique as relações com a Espanha, em uma conversa com Rajoy, que classificou de inaceitável a atitude do território. Após vários dias de tensão entre Madri e o Peñón britânico situado no extremo sul da península ibérica, Cameron telefonou a Rajoy para expressar a ele "sérias preocupações" pelas longas filas provocadas pelos controles fronteiriços e pelas possíveis futuras medidas levantadas pelo governo espanhol.
As autoridades de Gibraltar e o governo britânico acusam a Espanha de provocar há dias engarrafamentos deliberados na fronteira como represália pela construção nas águas do Peñón de um arrecife artificial destinado a impedir que os barcos espanhóis pesquem no local. O porta-voz do primeiro-ministro conservador britânico afirmou que o presidente do governo espanhol "esteve de acordo que não queria que este tema se convertesse em um obstáculo nas relações bilaterais" e ressaltou a necessidade de "encontrar uma maneira" de reduzir a tensão.
Rajoy, que disse a Cameron que a instalação de blocos de cimento para criar um arrecife artificial na baía de Algeciras é "inaceitável", convocou um "diálogo bilateral no âmbito do respeito à legalidade internacional, europeia e nacional", informou em Madri a presidência do governo.
Os chefes da diplomacia de ambos os países, William Hague e José Manuel García-Margallo, serão agora os encarregados de dialogar para tentar acalmar a situação, embora Cameron já tenha dito a Rajoy que sua "posição sobre a soberania de Gibraltar e suas águas circundantes não vai mudar", segundo Downing Street. Madri e Gibraltar se enfrentam há anos pelo direito à pesca nas águas em torno deste território, cuja soberania é exigida pela Espanha, que afirma que elas não estavam incluídas no Tratado de Utrecht, através do qual o Peñón foi cedido à Grã-Bretanha em 1713.
A Espanha exige há décadas a soberania deste território, algo a que Londres se opõe se não for com o apoio dos moradores locais, partidários da manutenção de seu status atual. A postura do Reino Unido em relação a Gibraltar é a mesma mantida nas Ilhas Malvinas, o disputado arquipélago do Atlântico Sul sob controle britânico desde 1833 e exigido pela Argentina.