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Partidários de Morsy convocam novos protestos no Egito

Entrincheirados com mulheres e crianças, os manifestantes exigem há mais de um mês o retorno ao poder do primeiro presidente egípcio eleito democraticamente

Agência France-Presse
postado em 11/08/2013 09:44
Cairo - Os partidários do presidente islamita deposto Mohamed Morsy fizeram neste domingo (11/8) um chamado a novas manifestações no Egito, quando expira um ultimato lançado pelas autoridades egípcias para que desmontem seus acampamentos em duas praças do Cairo.

Entrincheirados com mulheres e crianças, os manifestantes exigem há mais de um mês o retorno ao poder do primeiro presidente egípcio eleito democraticamente, deposto e detido pelas Forças Armadas no dia 3 de julho, após grandes manifestações que pediam sua renúncia.

O novo governo provisório impulsionado pelos militares, que prometeu eleições para o início de 2014, ameaça desalojar à força os partidários de Morsy das praças de Rabaa al-Adawiya e Nahda após a festa do fim do Ramadã, que termina na noite deste domingo.

[SAIBAMAIS]Em um mês, mais de 250 pessoas, em sua maioria partidários de Morsy, morreram em confrontos com as forças de segurança e com opositores do ex-presidente.

A Aliança contra o Golpe de Estado e pela Democracia convocou neste domingo seus partidários a participar em "10 marchas" em toda a capital "para defender a legitimidade das eleições".

Este grupo, que organiza os acampamentos de Rabaa e Nadha, é dirigido principalmente pela Irmandade Muçulmana, influente confraria religiosa a qual Morsy pertence e que venceu as eleições legislativas após a queda de Hosni Mubarak.

A Irmandade Muçulmana, que reitera seu desejo de realizar manifestações pacíficas, exige a libertação de Morsy e dos principais líderes da confraria detidos desde 3 de julho, assim como a restauração do presidente e da Constituição, suspensa pelos militares.

Por sua vez, o governo provisório, que responde ao verdadeiro homem forte do país, o general Abdel Fatah al-Sissi, chefe das Forças Armadas, ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro, propõe que a Irmandade Muçulmana participe do processo eleitoral de 2014.

Ahmed al-Tayyeb, o grande imã da mesquita e da universidade de Al-Azhar do Cairo, principal instituição sunita do mundo, pediu neste domingo uma reconciliação nacional e disse ter convidado todas as partes a negociar um compromisso na segunda-feira.

No entanto, há poucas chances de que a Irmandade Muçulmana aceite. O imã Al-Tayyeb se posicionou abertamente do lado do general Al-Sissi no dia 3 de julho.

Onda de pânico após corte de eletricidade

Como sinal de que a tensão está em seu ponto máximo e que a intervenção da polícia é iminente, um corte de eletricidade no bairro de Rabaa na madrugada deste domingo provocou uma onda de pânico nas redes sociais e nas salas de redação, e alguns anunciaram inclusive que um ataque havia começado.

Mas tudo não passou de um alerta falso. A polícia repetiu nos últimos dias que a evacuação das praças Rabaa e Nahda é iminente.



O governo interino acusa a Irmandade Muçulmana de ser composta por terroristas, de ter escondido armas automáticas nas duas praças e de utilizar mulheres e crianças como escudos humanos.

Os opositores de Morsy, por sua vez, o criticam por ter acumulado todo o poder em favor de seu movimento, a Irmandade Muçulmana, e por ter terminado de arruinar uma economia que já tinha muitas dificuldades.

Na noite de quinta-feira, o primeiro-ministro interino, Hazem el-Beblawi, reiterou a ameaça de uma intervenção das forças para dispersar os dois granes protestos nas praças do Cairo. "A situação está se aproximando do momento que nós preferíamos evitar", advertiu Beblawi.

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