Agência France-Presse
postado em 12/08/2013 10:46
Cairo - Os partidários do presidente islamita deposto Mohamed Morsy reforçavam as barricadas nas duas praças que ocupam há um mês no Cairo, depois que a polícia ameaçou dispersá-los a qualquer momento. A comunidade internacional, que tentou em várias ocasiões mediar o conflito, teme um massacre. Em um mês, mais de 250 pessoas morreram - principalmente partidários de Morsy - em confrontos com as forças de segurança ou com os opositores ao presidente deposto.Ignorando as advertências do novo governo, centenas de manifestantes marcharam no centro do Cairo, carregando bandeiras egípcias e retratos do primeiro presidente do país eleito democraticamente. Na noite de domingo, ao término da trégua estabelecida até o fim das celebrações do Ramadã, a polícia anunciou uma operação iminente, mas gradual, para esvaziar as praças, que pode durar dois ou três dias.
As autoridades tentam convencer alguns manifestantes - entrincheirados com mulheres e crianças - a sair pacificamente das praças antes do início do ataque contra os mais determinados. O governo interino deve simultaneamente enfrentar a pressão popular que exige a dispersão rápida dos partidários de Morsy e os chamados internacionais à moderação, explicou à AFP H.A. Hellyer, pesquisador do Brookings Institute.
Segundo ele, as autoridades vão agir com cuidado, já que temem uma condenação internacional. Na praça Rabaa al-Adawiya, bastião dos manifestantes pró-Morsy, dezenas de homens com capacetes e armados com paus ergueram barricadas de tijolos e sacos de areia que bloqueiam os principais acessos à praça.
Em um palco, seus líderes se revezavam incansavelmente para exigir o retorno de Morsy e o fim do "golpe de Estado". Durante a noite na praça Rabaa, Farid Islamil, um líder da Irmandade Muçulmana, convocou a ocupação de "todas as praças do país" nesta segunda-feira e pediu que os manifestantes "enviem uma mensagem aos líderes do golpe de Estado: o povo egípcio continuará com sua revolução".
A Irmandade Muçulmana exige a libertação de Morsy e dos principais líderes da confraria detidos desde 3 de julho, assim como a restauração do presidente e da Constituição suspensa pelos militares.