Agência France-Presse
postado em 14/08/2013 17:10
CAIRO - As marcas de sangue indicam o caminho até um necrotério improvisado embaixo de uma barraca, perto do quartel-general dos partidários do presidente deposto Mohamed Morsy, na praça Rabaa al-Adawiya do Cairo.
Apenas duas horas depois do começo do ataque da Polícia e do Exército, já chegaram os corpos de 43 homens, alguns mortos a tiros.
As bombas de gás lacrimogêneo não param de cair perto dos cadáveres, enquanto os disparos ensurdecedores das armas automáticas se misturam aos cânticos islâmicos que partem dos alto-falantes pendurados em um andaime próximo.
Era lá em que os imãs e os líderes da Aliança contra o Golpe de Estado pediam, até terça-feira à noite, antes do ataque, a volta ao poder do islamita Mohamed Morsy, o primeiro presidente eleito democraticamente na história do Egito, que em 3 de julho foi deposto e preso pelo Exército.
Junto com 35 corpos encharcados de sangue --os outros ficam do lado de fora à espera da montagem de outra barraca-- os médicos da Irmandade Muçulmana, movimento de Morsy, se concentram nos feridos que ainda têm chances de sobrevivência.
[SAIBAMAIS]Um pouco mais longe, um homem agoniza depois de ter levado um tiro na cabeça. Atrás das barricadas de sacos de areia instaladas há um mês na grande avenida que leva à praça Rabaa, homens de capacete enfrentam a polícia e o Exército, que seguem avançando em meio às ambulâncias.
Os manifestantes usam tudo ao seu alcance; pedras, balas, coquetéis Molotov. Eles tentam desesperadamente evitar o avanço da polícia e proteger a mesquita de Rabaa al-Adawiya, quartel-general dos poucos líderes da Irmandade Muçulmana que ainda não foram presos pelo governo interino, formado após o golpe militar.
Alguns homens levam fuzis de assalto, confirmando em parte as acusações do governo de que os "terroristas" favoráveis a Mursi possuem armas nas duas praças que ocupam no Cairo,.
"Vamos morrer de qualquer jeito", garante um deles, enquanto os francoatiradores seguem disparando de alguns edifícios residenciais que cercam a praça.
Há um mês, milhares de pessoas, algumas com suas mulheres e seus filhos, acampavam nestas duas praças do Cairo. O desalojamento teve início de madrugada e pegou a todos de surpresa. O governo, que já vinha ameaçando intervir após o fracasso das negociações mediadas por europeus e americanos para resolver a crise, havia prometido uma dispersão "gradual" com avisos prévios.
[FOTO1]
No fim, não houve aviso. As escavadeiras do Exército derrubaram rapidamente as barricadas da praça Nahda enquanto os helicópteros sobrevoavam a zona desde as primeiras horas da manhã e as forças de segurança lançavam gás lacrimogêneo.
A concentração de gás provocou a fuga de dezenas de mulheres, algumas protegendo-se inutilmente com pequenas máscaras cirúrgicas e arrastando seus filhos.
Uma hora depois, o Ministério do Interior anunciou triunfalmente que a Nahda estava "totalmente sob controle" das forças de segurança, exibindo imagens de um campo de batalha deserto.
Na praça Rabaa, os manifestantes resistiram ao redor da mesquita até a metade da tarde. Um pouco mais longe, policiais escoltavam as mulheres e os filhos que conseguiram fugir do caos.
No momento, o registro oficial é de 149 mortos, um número contestado pela Irmandade Muçulmana, que indica cerca de 2.000.
Apenas duas horas depois do começo do ataque da Polícia e do Exército, já chegaram os corpos de 43 homens, alguns mortos a tiros.
As bombas de gás lacrimogêneo não param de cair perto dos cadáveres, enquanto os disparos ensurdecedores das armas automáticas se misturam aos cânticos islâmicos que partem dos alto-falantes pendurados em um andaime próximo.
Era lá em que os imãs e os líderes da Aliança contra o Golpe de Estado pediam, até terça-feira à noite, antes do ataque, a volta ao poder do islamita Mohamed Morsy, o primeiro presidente eleito democraticamente na história do Egito, que em 3 de julho foi deposto e preso pelo Exército.
Junto com 35 corpos encharcados de sangue --os outros ficam do lado de fora à espera da montagem de outra barraca-- os médicos da Irmandade Muçulmana, movimento de Morsy, se concentram nos feridos que ainda têm chances de sobrevivência.
[SAIBAMAIS]Um pouco mais longe, um homem agoniza depois de ter levado um tiro na cabeça. Atrás das barricadas de sacos de areia instaladas há um mês na grande avenida que leva à praça Rabaa, homens de capacete enfrentam a polícia e o Exército, que seguem avançando em meio às ambulâncias.
Os manifestantes usam tudo ao seu alcance; pedras, balas, coquetéis Molotov. Eles tentam desesperadamente evitar o avanço da polícia e proteger a mesquita de Rabaa al-Adawiya, quartel-general dos poucos líderes da Irmandade Muçulmana que ainda não foram presos pelo governo interino, formado após o golpe militar.
Alguns homens levam fuzis de assalto, confirmando em parte as acusações do governo de que os "terroristas" favoráveis a Mursi possuem armas nas duas praças que ocupam no Cairo,.
"Vamos morrer de qualquer jeito", garante um deles, enquanto os francoatiradores seguem disparando de alguns edifícios residenciais que cercam a praça.
Há um mês, milhares de pessoas, algumas com suas mulheres e seus filhos, acampavam nestas duas praças do Cairo. O desalojamento teve início de madrugada e pegou a todos de surpresa. O governo, que já vinha ameaçando intervir após o fracasso das negociações mediadas por europeus e americanos para resolver a crise, havia prometido uma dispersão "gradual" com avisos prévios.
[FOTO1]
No fim, não houve aviso. As escavadeiras do Exército derrubaram rapidamente as barricadas da praça Nahda enquanto os helicópteros sobrevoavam a zona desde as primeiras horas da manhã e as forças de segurança lançavam gás lacrimogêneo.
A concentração de gás provocou a fuga de dezenas de mulheres, algumas protegendo-se inutilmente com pequenas máscaras cirúrgicas e arrastando seus filhos.
Uma hora depois, o Ministério do Interior anunciou triunfalmente que a Nahda estava "totalmente sob controle" das forças de segurança, exibindo imagens de um campo de batalha deserto.
Na praça Rabaa, os manifestantes resistiram ao redor da mesquita até a metade da tarde. Um pouco mais longe, policiais escoltavam as mulheres e os filhos que conseguiram fugir do caos.
No momento, o registro oficial é de 149 mortos, um número contestado pela Irmandade Muçulmana, que indica cerca de 2.000.