Agência France-Presse
postado em 16/08/2013 08:19
Moscou - A russa Yelena Isinbayeva, que na quinta-feira (15/8) afirmou ser favorável à lei que proíbe em seu país a "propaganda" homossexual, destacou nesta sexta-feira (16/8) em um comunicado que foi interpretada de maneira equivocada e que é contrária a qualquer discriminação. "Quero deixar claro que respeito os pontos de vista de meus companheiros atletas e quero expressar de maneira firme que me oponho a qualquer discriminação contra a comunidade gay a respeito de sua sexualidade (o que iria contra a Carta Olímpica)", afirma a russa em um comunicado.A russa de 31 anos, que na terça-feira conquistou o terceiro título mundial do salto com vara, deu declarações na quinta-feira nas quais pareceu defender a lei que proíbe em seu país a "propaganda" homossexual. "O inglês não é minha língua materna e acredito que aconteceu um mal-entendido quando falei ontem. O que queria dizer é que as pessoas devem respeitar as leis de outros países, particularmente quando são convidados", completou a atleta no comunicado.
Na quinta-feira, Isinbayeva criticou os atletas estrangeiros que defendem um boicote aos Jogos de Inverno de 2014 em Sochi como forma de protestar contra a legislação anti-homossexual russa. "Sou contra o boicote (a Sochi)", disse a atleta na quinta-feira em entrevista coletiva após receber sua medalha.
Posteriormente, em declarações à agência Itar-Tass, Isinbayeva foi mais contundente e advertiu os atletas estrangeiros: "Somos tolerantes com todas as opiniões e respeitamos as pessoas, mas vocês devem respeitar nossas leis e não promover ideias de orientação não tradicional" (a expressão russa utilizada para citar as relações homossexuais). "Os que vierem aos Jogos Olímpicos deverão respeitar nossas leis", advertiu.
Isinbayeva criticou a atleta sueca Emma Green, que competiu no Mundial de Moscou com as unhas pintadas com as cores do arco-íris para apoiar a comunidade gay da Rússia. "Vivemos homens com mulheres e mulheres com homens", destacou a atleta russa, que aos 31 anos anunciou que fará uma pausa de 18 meses na carreira esportiva para se dedicar à maternidade.
O presidente russo, Vladimir Putin, promulgou em junho duas leis que determinam pesadas multas contra qualquer ato de "propaganda" homossexual diante de menores ou que "ofenda os sentimentos religiosos", em uma decisão muito criticada por defensores dos Direitos Humanos, governos estrangeiros e até pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).