Washington - A Agência Nacional de Segurança americana (NSA) cometeu milhares de infrações às leis sobre o respeito à vida privada desde que lhe foram conferidos novos poderes, há cinco anos, informou nesta quinta-feira (15/8) o site do Washington Post. Estas infrações foram reveladas pela análise de uma auditoria interna e por outros documentos secretos que foram entregues ao jornal pelo ex-consultor da inteligência americana Edward Snowden.
Um dos documentos citados pelo Washington Post mostra que a NSA havia ordenado que as equipes falsificassem relatórios enviados ao departamento de Justiça e ao Gabinete do diretor de Inteligência nacional, substituindo certos detalhes por termos mais gerais, segundo o artigo do jornal. Segundo o jornal, a NSA ocultou em um caso a vigilância não intencional de vários americanos.
Desta forma, em 2008, um "grande número" de chamadas telefônicas procedentes de Washington foram vigiadas após um erro de programação que trocou o prefixo da zona da capital americana (202) com o do Egito (20). Este erro não foi revelado à equipe de vigilância da NSA, indica o artigo. De acordo com o jornal, a auditoria sobre a NSA, que data de maio de 2012, detectou 2.776 incidentes durante os 12 meses anteriores, que envolveram "coleta, armazenamento, acesso e comunicação de dados protegidos legalmente, sem autorização".
A maior parte destes incidentes não foram intencionais, mas um grande número deles ocorreu por falhas ou por violação dos procedimentos normais. "Somos uma agência conduzida por humanos e que atua em um ambiente complexo com um grande número de regimes de regulação diferentes", disse um funcionário de alto escalão da NSA sob anonimato, em resposta às perguntas do Post.
Após a polêmica desencadeada pelas revelações de Edward Snowden, o presidente americano, Barack Obama, anunciou diversas medidas que têm por objetivo dotar de mais transparência estes programas, desmentindo qualquer tipo de abuso nos programas de vigilância da NSA. A controvérsia se intensificou desde que Snowden, que se encontra na Rússia, revelou os aspectos ocultos da vigilância de cidadãos americanos na internet e nas comunicações telefônicas.