Agência France-Presse
postado em 16/08/2013 17:23
XANGAI - A primeira travessia de um cargueiro comercial da China pelo ártico ilustra as ambições polares de Pequim e abre a possibilidade ao primeiro exportador mundial de entregar mais rápido suas mercadorias, afirmam especialistas. Em 8 de agosto, um cargueiro da Cosco, gigante chinesa de transporte marítimo, deixou o porto de Dalian (nordeste) rumo ao Estreito de Bering.
Quando atravessar este estreito, em 25 de agosto, o cargueiro seguirá a rota marítima Norte-Leste que margeia a costa setentrional da Sibéria para depois circular a Noruega e chegar, em setembro, ao seu porto de destino, Roterdã.
Este atalho polar pelo Ártico, praticável durante meses de verão graças ao aquecimento global e ao degelo é, segundo a Cosco, uma "rota de ouro" que permite poupar entre 12 e 15 dias de viagem em comparação com as rotas tradicionais.
A rota marítima Norte-Leste, na qual a Rússia facilita a navegação impondo o aluguel de seus quebra-gelos, deve ter um papel cada vez maior nos intercâmbios internacionais. "Isto transformará potencialmente o esquema do comércio mundial", disse Sam Chambers, da revista SinoShip.
Cerca de 90% das trocas comerciais da China ocorrem por mar e neste país há quem considere que, dentro de sete anos, de 5% a 7% do comércio internacional da segunda economia do mundo poderia transitar pelo Ártico. A abertura do Ártico "reduzirá amplamente as distâncias marítimas entre os mercados chinês, europeu e americano", explica Qi Shaobin, professor da Universidade do Mar de Dalian, citado pela imprensa chinesa.
A nova rota marítima Norte-Leste permite à China evitar os atrasos do Canal de Suez e reduzir em vários milhares de quilômetros as viagens para a Europa, seu maior parceiro comercial. A economia, especialmente de combustível, será importante. No ano passado, a China exportou para a União Europeia 290 bilhões de euros em mercadorias. Pequim espera que este atalho polar beneficie também o desenvolvimento de seus portos no nordeste do país.
Por outro lado, a China, que é a primeira consumidora de energia do mundo, cobiça as grandes reservas de hidrocarbonetos que o Ártico abrigaria. Esses recursos estão cada vez mais acessíveis devido à diminuição da calota polar.
Pequim está mexendo as peças nesta região e depois de vários anos de campanha diplomática, obteve em maio o status de observador no Conselho do Ártico, um fórum intergovernamental de cooperação. "A abertura da nova rota de transporte marítimo mostra que a China se envolve mais nos assuntos do oceano Ártico", afirma Zhang Yongfeng, pesquisador radicado em Xangai, especializado em transporte marítimo.
No entanto, ele relativiza o alcance imediato dos atalhos polares. "A curto prazo, o interesse econômico para o transporte marítimo não é verdadeiramente grande", declara. "O período de navegabilidade da passagem é relativamente curto e as infraestruturas portuárias ao longo do caminho estão incompletas", explica Zhang.
De fato, o tráfego por águas árticas ainda é incipiente se comparado com as tradicionais rotas através do Canal do Panamá (15.000 deslocamentos por ano) ou de Suez (19.000). O volume de mercadorias transportadas pela rota Norte-Leste deve se multiplicar nos próximos anos: de 1,26 milhão de toneladas no ano passado, o tráfego passará a 50 milhões de toneladas em 2020, segundo a Federação de Armadores Noruegueses.
Quando atravessar este estreito, em 25 de agosto, o cargueiro seguirá a rota marítima Norte-Leste que margeia a costa setentrional da Sibéria para depois circular a Noruega e chegar, em setembro, ao seu porto de destino, Roterdã.
Este atalho polar pelo Ártico, praticável durante meses de verão graças ao aquecimento global e ao degelo é, segundo a Cosco, uma "rota de ouro" que permite poupar entre 12 e 15 dias de viagem em comparação com as rotas tradicionais.
A rota marítima Norte-Leste, na qual a Rússia facilita a navegação impondo o aluguel de seus quebra-gelos, deve ter um papel cada vez maior nos intercâmbios internacionais. "Isto transformará potencialmente o esquema do comércio mundial", disse Sam Chambers, da revista SinoShip.
Cerca de 90% das trocas comerciais da China ocorrem por mar e neste país há quem considere que, dentro de sete anos, de 5% a 7% do comércio internacional da segunda economia do mundo poderia transitar pelo Ártico. A abertura do Ártico "reduzirá amplamente as distâncias marítimas entre os mercados chinês, europeu e americano", explica Qi Shaobin, professor da Universidade do Mar de Dalian, citado pela imprensa chinesa.
A nova rota marítima Norte-Leste permite à China evitar os atrasos do Canal de Suez e reduzir em vários milhares de quilômetros as viagens para a Europa, seu maior parceiro comercial. A economia, especialmente de combustível, será importante. No ano passado, a China exportou para a União Europeia 290 bilhões de euros em mercadorias. Pequim espera que este atalho polar beneficie também o desenvolvimento de seus portos no nordeste do país.
Por outro lado, a China, que é a primeira consumidora de energia do mundo, cobiça as grandes reservas de hidrocarbonetos que o Ártico abrigaria. Esses recursos estão cada vez mais acessíveis devido à diminuição da calota polar.
Pequim está mexendo as peças nesta região e depois de vários anos de campanha diplomática, obteve em maio o status de observador no Conselho do Ártico, um fórum intergovernamental de cooperação. "A abertura da nova rota de transporte marítimo mostra que a China se envolve mais nos assuntos do oceano Ártico", afirma Zhang Yongfeng, pesquisador radicado em Xangai, especializado em transporte marítimo.
No entanto, ele relativiza o alcance imediato dos atalhos polares. "A curto prazo, o interesse econômico para o transporte marítimo não é verdadeiramente grande", declara. "O período de navegabilidade da passagem é relativamente curto e as infraestruturas portuárias ao longo do caminho estão incompletas", explica Zhang.
De fato, o tráfego por águas árticas ainda é incipiente se comparado com as tradicionais rotas através do Canal do Panamá (15.000 deslocamentos por ano) ou de Suez (19.000). O volume de mercadorias transportadas pela rota Norte-Leste deve se multiplicar nos próximos anos: de 1,26 milhão de toneladas no ano passado, o tráfego passará a 50 milhões de toneladas em 2020, segundo a Federação de Armadores Noruegueses.