Mundo

Irmandade Muçulmana se equilibra entre ação política e opção pela violência

Governo interino propõe a dissolução da entidade, que é uma instituição central na história moderna do Egito

postado em 18/08/2013 06:05
Seis semanas depois de o Exército egípcio depor o presidente Mohamed Morsy, primeiro governante eleito na história do país, o mundo assiste ao desenrolar de um derramamento de sangue sem final à vista no horizonte. Em poucos dias, o número oficial de mortos superou 800, e com eles foi sepultada a esperança de uma reconciliação entre a Irmandade Muçulmana, à qual Morsy pertence, e o governo interino estabelecido pelos militares. Ontem, em meio aos confrontos, o primeiro-ministro interino do Egito, Hazem el-Beblawi, propôs a dissolução da Irmandade ao Ministério de Assuntos Sociais, responsável por licenciar entidades não governamentais.

A violenta repressão deixa a população cada vez mais dividida, e a economia ainda mais abalada. De um lado, o Exército e forças políticas seculares culpam a organização pela violência e classificam seus afiliados como ;terroristas;. De outro, os islamistas denunciam esforços para marginalizar a Irmandade, que luta para manter sua influência política e não reconhece a legitimidade do novo poder.

Quando o general Abdel Fatah Al-Sisi comandou a deposição de Morsy, em 3 de julho, uma parcela significativa da população apoiou a intervenção militar. Pouco tempo depois, com o país fora de controle e as forças de segurança autorizadas a atirar contra manifestantes, parte dos egípcios que incentivou o golpe de Estado começa a temer o retrocesso para uma ditadura. O diretor de pesquisas do Brookings Doha Center, Shadi Hamid, disse, em artigo publicado pelo instituto, que o futuro do Egito pode ser ainda pior do que foram os 30 anos de governo de Hosni Mubarak, derrubado em 2011 pela revolta popular da Primavera Árabe. ;Seria perverso se a revolução de janeiro de 2011 abrisse caminho para algo pior daquilo que ela buscou substituir. Mas é para isso que o Egito está seguindo;, escreveu.

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