Mundo

Islamitas convocam novas manifestações para a tarde deste domingo

Dirigentes da União Europeia advertiram o governo egípcio que o bloco está disposto a revisar as relações com o Cairo se a violência não cessar no país

Agência France-Presse
postado em 18/08/2013 08:39
A convocação de manifestações provoca o temor de novos confrontos, similares aos registrados nos últimos quatro dias e que deixaram mais de 750 mortos
Cairo
- Os partidários do presidente deposto Mohamed Mursi convocaram novos protestos neste domingo (18/8) a partir das 14H00 GMT (11H00 de Brasília), imediatamente depois da oração nas mesquitas, com o lema "a semana do fim do golpe de Estado".

Ao fim do horário de toque de recolher neste domingo, o clima era calmo nas ruas do Cairo, onde, pela primeira vez desde quinta-feira passada, o transporte público voltou a funcionar e o tráfego era normal.

O ministério de Assuntos Religiosos anunciou que as mesquitas ficarão abertas a partir de agora apenas para a oração, com o objetivo de evitar que sirvam de local de concentração para as manifestações que pedem o retorno de Mursi, destituído e preso pelas Forças Armadas em 3 de julho.

[SAIBAMAIS]Após o confronto de várias horas marcado pela troca de tiros, a polícia retirou no sábado centenas de manifestantes que estavam entrincheirados na mesquita de Al-Fath e prendeu 385 pessoas.

A convocação de manifestações provoca o temor de novos confrontos, similares aos registrados nos últimos quatro dias e que deixaram mais de 750 mortos, em sua maioria simpatizantes de Mursi.



Depois do golpe militar, o Egito, sob estado de emergência e com cenas de guerra inéditas, está dividido em dois setores que parecem irreconciliáveis: de um lado a influente Irmandade Muçulmana, movimento ao qual pertence Mursi, e do outro os partidários da solução de segurança do exército.

Os dirigentes da União Europeia (UE) Herman Van Rompuy e José Manuel Durão Barroso advertiram o governo egípcio que o bloco está disposto a revisar as relações com o Cairo se a violência não cessar no país.

Em um comunicado conjunto, os presidentes do Conselho da Europa e da Comissão Europeia alertam que o aumento da violência pode ter "consequências imprevisíveis" para o Egito e para a região. Eles apelam à responsabilidade do governo e do exército para o retorno da calma.

"Os pedidos de democracia e por liberdades fundamentais da população egípcia não podem ser ignorados, muito menos banhados em sangue", afirmam os líderes europeus.

"Em cooperação com os sócios internacionais e regionais, a UE seguirá firmemente comprometida no esforço de promover o fim da violência, a retomada do diálogo político e o retorno de um processo democrático".

"Com este objetivo, a UE, ao lado dos Estados membros, revisará urgentemente nos próximos dias as relações com o Egito e adotará medidas para alcançar estes objetivos", afirma o texto.

Na segunda-feira, representantes diplomáticos dos 28 membros da UE terão uma reunião de emergência em Bruxelas sobre o Egito, antes da convocação de um encontro dos ministros europeus das Relações Exteriores nos próximos dias.

O comunicado, que ressalta que o fim imediato da violência é crucial, aponta que "embora todos devam exercer a máxima moderação, destacamos a responsabilidade em particular do governo provisório e do exército para acabar com os confrontos".

"A violência e os assassinatos dos últimos dias não podem ser justificados nem tolerados. Os direitos humanos devem ser respeitados e defendidos. Os presos políticos devem ser liberados".

No Vaticano, o Papa Francisco fez um novo apelo a favor da paz no Egito.

"Seguimos rezando pela paz no Egito", declarou o pontífice no tradicional Ângelus dominical no Palácio Apostólico na praça de São Pedro.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação