Agência France-Presse
postado em 21/08/2013 19:08
CAIRO - Um tribunal egípcio ordenou nesta quarta-feira (21/8) a libertação do ex-presidente Hosni Mubarak em um caso de corrupção, mas seu principal processo deve ser retomado no domingo, em meio a um clima persistente de tensão no país.
Na noite desta quarta, o governo instaurado pelo Exército ordenou que, em caso de libertação, Mubarak seja colocado em prisão domiciliar até que seja proferido o veredicto em seu processo por assassinatos e corrupção, como autoriza a lei sobre estado de emergência restabelecida na semana passada, segundo a televisão estatal.
Após as decisões de liberdade condicional em três casos nos quais o ex-presidente ficou além a duração máxima de dois anos de detenção preventiva, um tribunal julgou nesta quarta-feira que não é possível manter Mubarak atrás das grades no quarto e último caso relacionado.
Esse caso é relativo a um enriquecimento ilícito por meio de "presentes" oferecidos pelo principal órgão da imprensa estatal, o Al-Ahram. Mas o antigo "rais" devolveu os 1,5 milhão de euros que era acusado de ter recebido, o que anula as acusações, segundo fontes judiciais.
O Ministério Público deverá decidir, provavelmente na quinta-feira, se libertará Mubarak ou se o manterá em prisão preventiva "por outras acusações", indicou na noite desta quarta-feira o Ministério do Interior.
O anúncio da libertação de Mubarak aumenta a tensão no país, onde cerca de mil pessoas morreram em uma semana, em sua imensa maioria manifestantes partidários do presidente islamita Mohamed Mursi, destituído e detido pelo Exército há um mês e meio.
O novo regime desferiu nesta quarta-feira novos golpes nos partidários de Morsy, com as detenções de Safwat Hegazy, um influente pregador, e Murad Ali, porta-voz do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), vitrine política da Irmandade Muçulmana, movimento do presidente deposto.
Mas o regime foi submetido a pressões externas pela decisão da União Europeia (UE) de suspender a venda de armas e de material de segurança ao Egito, devido à ferrenha repressão.
Os 28 países membros da UE decidiram "suspender as licenças de exportação de todos os equipamentos que possam ser utilizados na repressão interna", segundo o documento divulgado após a reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco em Bruxelas.
Depois do golpe que derrubou Morsy, no dia 3 de julho, as forças de segurança detiveram milhares de simpatizantes da Irmandade Muçulmana, incluindo seu guia supremo, Mohamad Badie, capturado na terça-feira.
No dia 14 de agosto, a repressão atingiu o seu auge, com a dispersão brutal de duas mobilizações islamitas, que estavam sendo mantidas em praças do Cairo há mais de um mês. A intervenção, que sofreu grande resistência, deixou um registro de mais de 600 mortos no dia mais sangrento da história recente do Egito.
O número de vítimas aumentou nos dias seguintes, chegando a mais de mil mortos, incluindo 37 islamitas que estavam presos e que, segundo as autoridades, tinham tentado fugir.
A próxima sexta-feira pode servir como teste para medir a capacidade de mobilização da Irmandade Muçulmana. Os pró-Mursi convocaram grandes manifestações para a "sexta-feira dos mártires".
Já as forças de segurança perderam nesta segunda-feira 25 homens em um atentado com foguetes na península do Sinai. No total, 45 militares morreram nos últimos dias nesta região, limítrofe com a Faixa de Gaza.
--- Apoio saudita ---
No plano diplomático, a Arábia Saudita reafirmou seu apoio ao Egito e pediu, pouco antes do início da reunião de chanceleres da União Europeia, que a comunidade internacional apoie as novas autoridades egípcias.
"Esperamos que a comunidade internacional apoie os esforços do governo egípcio para recuperar a segurança, a estabilidade e a prosperidade, e evite qualquer medida ou política que impeça estes esforços", declarou à AFP o príncipe Saud al-Faysal.
As novas autoridades tentaram relativizar as ameaças de sanções financeiras dos Estados Unidos (1,5 bilhão de dólares anuais, destinados em grande parte às Forças Armadas).
Suspender esta ajuda "seria um mau sinal e afetaria gravemente as forças militares por algum tempo", admitiu o primeiro-ministro interino, Hazem Beblawi, à rede de televisão ABC News. Mas Beblawi afirmou que o Egito poderia recorrer a outros doadores e vai "sobreviver".
O golpe também deixou tensas as relações entre Turquia e Egito. O governo egípcio indicou que sua paciência está acabando depois das últimas críticas do primeiro-ministro turco, o islamita conservador Recep Tayyip Erdogan, que na terça-feira acusou Israel de estar por trás da deposição de Morsy.
Na noite desta quarta, o governo instaurado pelo Exército ordenou que, em caso de libertação, Mubarak seja colocado em prisão domiciliar até que seja proferido o veredicto em seu processo por assassinatos e corrupção, como autoriza a lei sobre estado de emergência restabelecida na semana passada, segundo a televisão estatal.
Após as decisões de liberdade condicional em três casos nos quais o ex-presidente ficou além a duração máxima de dois anos de detenção preventiva, um tribunal julgou nesta quarta-feira que não é possível manter Mubarak atrás das grades no quarto e último caso relacionado.
Esse caso é relativo a um enriquecimento ilícito por meio de "presentes" oferecidos pelo principal órgão da imprensa estatal, o Al-Ahram. Mas o antigo "rais" devolveu os 1,5 milhão de euros que era acusado de ter recebido, o que anula as acusações, segundo fontes judiciais.
O Ministério Público deverá decidir, provavelmente na quinta-feira, se libertará Mubarak ou se o manterá em prisão preventiva "por outras acusações", indicou na noite desta quarta-feira o Ministério do Interior.
O anúncio da libertação de Mubarak aumenta a tensão no país, onde cerca de mil pessoas morreram em uma semana, em sua imensa maioria manifestantes partidários do presidente islamita Mohamed Mursi, destituído e detido pelo Exército há um mês e meio.
O novo regime desferiu nesta quarta-feira novos golpes nos partidários de Morsy, com as detenções de Safwat Hegazy, um influente pregador, e Murad Ali, porta-voz do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), vitrine política da Irmandade Muçulmana, movimento do presidente deposto.
Mas o regime foi submetido a pressões externas pela decisão da União Europeia (UE) de suspender a venda de armas e de material de segurança ao Egito, devido à ferrenha repressão.
Os 28 países membros da UE decidiram "suspender as licenças de exportação de todos os equipamentos que possam ser utilizados na repressão interna", segundo o documento divulgado após a reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco em Bruxelas.
Depois do golpe que derrubou Morsy, no dia 3 de julho, as forças de segurança detiveram milhares de simpatizantes da Irmandade Muçulmana, incluindo seu guia supremo, Mohamad Badie, capturado na terça-feira.
No dia 14 de agosto, a repressão atingiu o seu auge, com a dispersão brutal de duas mobilizações islamitas, que estavam sendo mantidas em praças do Cairo há mais de um mês. A intervenção, que sofreu grande resistência, deixou um registro de mais de 600 mortos no dia mais sangrento da história recente do Egito.
O número de vítimas aumentou nos dias seguintes, chegando a mais de mil mortos, incluindo 37 islamitas que estavam presos e que, segundo as autoridades, tinham tentado fugir.
A próxima sexta-feira pode servir como teste para medir a capacidade de mobilização da Irmandade Muçulmana. Os pró-Mursi convocaram grandes manifestações para a "sexta-feira dos mártires".
Já as forças de segurança perderam nesta segunda-feira 25 homens em um atentado com foguetes na península do Sinai. No total, 45 militares morreram nos últimos dias nesta região, limítrofe com a Faixa de Gaza.
--- Apoio saudita ---
No plano diplomático, a Arábia Saudita reafirmou seu apoio ao Egito e pediu, pouco antes do início da reunião de chanceleres da União Europeia, que a comunidade internacional apoie as novas autoridades egípcias.
"Esperamos que a comunidade internacional apoie os esforços do governo egípcio para recuperar a segurança, a estabilidade e a prosperidade, e evite qualquer medida ou política que impeça estes esforços", declarou à AFP o príncipe Saud al-Faysal.
As novas autoridades tentaram relativizar as ameaças de sanções financeiras dos Estados Unidos (1,5 bilhão de dólares anuais, destinados em grande parte às Forças Armadas).
Suspender esta ajuda "seria um mau sinal e afetaria gravemente as forças militares por algum tempo", admitiu o primeiro-ministro interino, Hazem Beblawi, à rede de televisão ABC News. Mas Beblawi afirmou que o Egito poderia recorrer a outros doadores e vai "sobreviver".
O golpe também deixou tensas as relações entre Turquia e Egito. O governo egípcio indicou que sua paciência está acabando depois das últimas críticas do primeiro-ministro turco, o islamita conservador Recep Tayyip Erdogan, que na terça-feira acusou Israel de estar por trás da deposição de Morsy.