Agência France-Presse
postado em 21/08/2013 20:40
WASHINGTON - Uma intervenção militar americana na Síria levaria a uma situação desfavorável para os Estados Unidos, já que os rebeldes sírios não apoiam os interesses de Washington, avalia o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Martin Dempsey, em carta divulgada nesta quarta-feira (21/8).Na carta enviada na última segunda ao representante democrata Eliot Engel, o general Dempsey fala da atomização da oposição síria e do peso dos grupos armados extremistas no movimento rebelde para justificar sua oposição a uma intervenção.
"Considero que o grupo que decidirmos (apoiar) deve estar disposto a promover seus próprios interesses e os nossos quando o equilíbrio se inclinar a seu favor. Não é o caso", garantiu Dempsey.
"Podemos destruir a aviação síria", responsável pelos bombardeios contra civis, mas "isso não seria decisivo no terreno militar (e) nos envolveria, decididamente, no conflito", explicou o general Dempsey.
Ainda segundo ele, embora o poder americano "possa mudar o equilíbrio militar" na Síria, "não pode resolver os históricos problemas étnicos, religiosos e tribais subjacentes que alimentam o conflito".
O conflito na Síria tem "raízes profundas", completou Dempsey, acrescentando que é um "conflito de longa data entre múltiplas facções, e a luta pelo poder continuará após o fim do reinado de (Bashar) Al-Assad".
Ele pede, então, que se avalie o interesse de um compromisso militar limitado "nesse contexto".
[SAIBAMAIS]
Segundo o general Dempsey, que na semana passada estava de visita em Israel e na Jordânia, países fronteiriços da Síria, uma intervenção militar americana teria impactos "que deixariam nossos aliados e sócios menos seguros".
Desde o início do conflito em março de 2011, Washington se limita a oferecer apoio não letal aos rebeldes sírios e fornecer ajuda humanitária.
Em junho, a administração Obama prometeu "apoio militar" aos rebeldes, embora tenha mantido certa indefinição sobre a natureza dessa ajuda.
Hoje, Washington pediu uma investigação "urgente" da ONU, após as denúncias da oposição síria de um ataque com armas químicas em larga escala por parte do regime e que teria deixado 1.300 mortos.