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Massacre sem precedentes na Síria divide a comunidade internacional

Oposição acusa o regime de Bashar Al-Assad de atacar subúrbios de Damasco com armas químicas. Pelo menos 1,3 mil pessoas teriam morrido, entre elas muitas crianças. Médico suspeita do uso de gás sarin e moradores relatam caos

Rodrigo Craveiro
postado em 22/08/2013 06:01
Mulher se debruça sobre os corpos de dezenas de crianças, envoltos em mortalhas, no leste de Ghouta: centenas de vítimas não resistiram à ofensiva

;Ana aidhe walla maite?; (;Eu estou viva ou morta?;, em árabe). Tomada pelo medo, Huda, de 8 anos, gritava repetidamente essa frase, no momento em que o médico Ghazwan Bwidany colocava o tubo de ventilação mecânica no rosto da menina, por volta das 6h de ontem (meia-noite de terça-feira, em Brasília), na unidade de saúde 1 da cidade de Douma, a leste de Ghouta, subúrbio de Damasco. ;Enquanto tentávamos socorrê-la, o chão estava coberto de mortos e feridos;, contou o médico psiquiatra ao Correio. ;Às 3h, fui acordado com várias pessoas feridas se dirigindo à unidade de saúde. A maior parte delas apresentava sufocamento, náuseas, salivação excessiva e visão turva. Algumas desmaiavam. Os sintomas indicavam envenenamento por compostos orgânicos fosforados, muito provavelmente o gás sarin;, afirmou.

As áreas ocidental e oriental de Ghouta, consideradas bastiões rebeldes, foram bombardeadas às 2h15 (20h15 de terça-feira, em Brasília). Houve registros de vítimas nas cidades de Douma, Jobar, Zamalka, Kafar batina, Irbin e Muadhamiya. A 3km de Ghouta, o cientista sueco Ake Sellstrom chefiava uma equipe de inspetores da Organização das Nações Unidas. Ao ver as imagens das vítimas pela tevê, na capital síria, ele afirmou que o caso ;parecia que teria de ser investigado;.

De acordo com a oposição síria, o pior ataque químico em 25 anos matou 1,3 mil pessoas e intoxicou 5 mil. O regime de Bashar Al-Assad negou a utilização de armas não convencionais. ;As informações sobre o uso de armas químicas em Ghouta são totalmente falsas;, anunciou a agência estatal Sana. O Exército denunciou que as acusações foram fabricadas para ;acobertar; baixas rebeldes. A notícia sobre o massacre sem precedentes na Síria dividiu a comunidade internacional. A Rússia culpou os rebeldes, enquanto os Estados Unidos e a Liga Árabe exigiram que Damasco permita a entrada de inspetores da ONU na área do ataque. A pedido de cinco dos 15 membros (França, Reino Unido, EUA, Luxemburgo e Coreia do Sul), o Conselho de Segurança reuniu-se em caráter de urgência na tarde de ontem e pediu uma ;investigação rápida e imparcial; do incidente.

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