Agência France-Presse
postado em 22/08/2013 19:37
Cientistas europeus e chineses criaram um modelo informático para determinar a taxa de contaminação por arsênico nas águas subterrâneas na China, onde milhões de pessoas correm risco de intoxicação, segundo estudos publicados nesta quinta-feira (22/8) nos Estados Unidos.O modelo também pode ser aplicado em outras regiões do mundo onde este problema de saúde pública afeta uma importante população, informaram os especialistas, cujo trabalho é publicado na revista Science.
Esta técnica de previsão na China foi desenvolvida a partir de dados geológicos, pedológicos (da evolução dos solos) e topográficos, assim como pesquisas de níveis de arsênicos existentes.
Os resultados indicam uma correlação entre as projeções e a identificação de áreas contaminadas estabelecidas nos registros oficiais chineses.
"O envenenamento por arsênico na água potável é um problema grande em muitos países", destacou Luis Rodríguez-Lado, pesquisador do Instituto Federal de Ciências e Tecnologias Aquáticas (EAWAG) da Suíça, um dos principais autores do estudo.
Este problema é endêmico no sudeste asiático, especialmente em Bangladesh. Na década de 1990, estudos mostraram o risco de contaminação das águas subterrâneas na Europa Central, na América do Sul, na Mongólia e no sudoeste dos Estados Unidos.
A contaminação por arsênico dos lençóis freáticos foi observada pela primeira vez nos anos 1970 em uma região árida onde a população dependia de aquíferos profundos.
Nestes aquíferos, os depósitos de sedimentos de rochas vulcânicas contêm níveis particularmente altos de arsênico e contaminam a água.
Absorver durante um período prolongado até mesmo quantidades pequenas de arsênico representa um risco importante para os rins e o fígado e pode causar vários tipos de câncer.
Em estudo realizado entre 2001 e 2005, as autoridades chinesas fizeram testes em quase 445.000 poços e determinaram que o limite de 0,05 miligrama/litro era superado em mais de 5% dos pontos de água.
Quinze milhões de chineses bebem água da torneira, onde a a taxa de arsênico supera o 0,01 mg/l, limite máximo fixado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Seis milhões deles bebem água contaminada com até 0,05 mg/l de arsênico.