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Bo Xilai estava a par dos subornos, afirma mulher de ex-dirigente chinês

Gu Kailai, esposa de Bo, está presa desde o ano passado pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood

Agência France-Presse
postado em 23/08/2013 12:42
Jinan - A mulher de Bo Xilai afirmou que o ex-dirigente chinês acusado de corrupção estava a par dos subornos que ela recebia, segundo um depoimento em vídeo exibido nesta sexta-feira (23/8) pelo tribunal. Gu Kailai, esposa de Bo, está presa desde o ano passado pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood. No vídeo, ela apareceu pálida e mais magra. Questionada se o marido sabia das passagens de avião e outras gratificações concedidas por um empresário ligado ao casal, Kailai respondeu, pressionada pelo investigador: "Ele devia saber. Eu havia dito".

O vídeo foi exibido na sala de audiência onde aconteceu o segundo dia do processo de Bo Xilai por corrupção, desvio de recursos e abuso de poder. Segundo as transcrições transmitidas pelo tribunal, Bo Xilai reagiu ao depoimento da esposa e a chamou de "louca" e "mentirosa". No primeiro dia do julgamento, em um tribunal de Jinan, na província oriental de Shandong, o ex-dirigente chinês rebateu todas as acusações da promotoria. Bo, de 64 anos, chamou de "grotescas" as afirmações de Gu Kailai, que revelou que o ex-dirigente colocou em um dos cofres do casal dezenas de milhares de dólares.



[SAIBAMAIS]O jornal oficial The China Daily elogia nesta sexta-feira "um processo que representa um avanço na transparência" do sistema judiciário do país, apesar da imprensa estrangeira ter sido vetada no tribunal. O caso representa o maior escândalo político na China em várias décadas. Os tribunais chineses atuam sob controle direto das autoridades comunistas e os analistas consideram que longas negociações na cúpula do poder permitiram decidir de antemão o veredicto que será anunciado. O ex-dirigente da metrópole de Dalian (nordeste) e Chongqing (sudoeste) foi oficialmente acusado de ter recebido, ao lado da esposa e do filho, 21,79 milhões de yuans (3,6 milhões de dólares) em gratificações de dois empresários, Tang Xiaolin e Xu Ming.

Além disso, Bo deve responder pelo desvio de cinco milhões de yuans de recursos públicos e de uma série de abusos de poder em Chongqing para impedir uma investigação criminal contra sua esposa, Gu Kailai, considerada culpada em agosto de 2012 pelo assassinato de um britânico amigo do casal. No mesmo depoimento, Gu Kailai afirmou que matou o empresário britânico Neil Heywood por temer que ele sequestrasse e matasse seu filho. Kailai disse que estava muito preocupada com a segurança do filho Bo Guagua, que estudava nos Estados Unidos e contou que havia sido ameaçado por Heywood. "A segurança de Guagua corria risco e Bo sabia", afirmou a mulher, mas sem envolver o marido no assassinato de Heywood, crime pelo qual foi condenada em agosto de 2012 à pena de morte. A pena capital foi suspensa e deve ser comutada por prisão perpétua.

O homem de negócios, amigo do casal desde os anos 1990, foi encontrado morto em novembro de 2011 em Chongqing. O envolvimento de Gu no assassinato de Heywood precipitou no início de 2012 a queda do ambicioso Bo Xilai, apontado até então como um "príncipe vermelho". A relação entre Gu e Neil Heywood sofreu um abalo por uma residência de luxo em Cannes, sudeste da França, cuja administração foi retirada do britânico pela esposa de Bo.

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