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Presidente colombiano aceita a pausa nas negociações de paz com as Farc

A Farc anunciou que fará uma pausa nas conversações com o governo colombiano para analisar a proposta de realização de um referendo sobre um futuro acordo de paz feita na véspera por Santos

Agência France-Presse
postado em 23/08/2013 15:44
HAVANA - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, considerou legítima e válida a pausa anunciada nesta sexta-feira pela guerrilha das FARC nas conversações de paz, mas pediu a elas que acelerem o processo de negociação.

A Farc anunciou que fará uma pausa nas conversações com o governo colombiano para analisar a proposta de realização de um referendo sobre um futuro acordo de paz feita na véspera por Santos.

"Ante esta nova circunstância, a delegação de paz das Farc decidiu fazer uma pausa na discussão para centrar-se exclusivamente na análise dos alcances da proposta governamental", afirmou a guerrilha em um comunicado lido à imprensa por Pablo Catatumbo, integrante da delegação que negocia a paz com o governo Santos na Havana desde novembro de 2012. "Pedimos que entendam que queremos agir com responsabilidade, com sensatez, maturidade, com ponderação na análise desta conjuntura que nos foi apresentada", declarou Catatumbo.



"Entendo que a guerrilha tenha dito: vamos nos levantar da mesa para estudar esta proposta. É perfeitamente legítimo e válido que o façam, mas o tempo passa e a paciência do povo colombiano tem seu limite e temos que continuar avançando", afirmou o presidente Santos, por sua vez.

O dirigente guerrilheiro, que não informou quanto tempo vai durar esta pausa, recordou que o grupo rebeldes havia proposto convocar "uma assembleia nacional constituinte para que o cidadão decida sobre temas cruciais para todos os colombianos".

Em 11 de junho, as Farc, que exigiram reiteradamente uma assembleia constituinte, propuseram adiar por um ano as eleições legislativas e presidenciais de 2014, o que implicaria prolongar o mandato das atuais autoridades, algo que Santos rejeitou.

A delegação do governo colombiana, presidida por Humberto de la Calle, ainda não emitiu comentários sobre a decisão de pausar as negociações. "A delegação do governo permanece em Cuba", limitou-se a comentar uma fonte da equipe governamental, acrescentando que seus membros aproveitarão o recesso para fazer análises internas. O atual ciclo de conversações terminaria na próxima quinta-feira.

Santos enviou na quinta-feira para o Congresso o projeto para que um futuro acordo de paz com as Farc seja referendado pelos colombianos aproveitando as eleições de 2014. "O processo de paz avança, as conversações em Havana avançam e temos a responsabilidade, a obrigação, de prever qualquer instância que seja necessária se os acordos se formalizarem, para que o povo colombiano seja o dono da última palavra", assinalou o presidente.

Menos de uma hora depois do anúncio de Santos, o presidente do Congresso, Juan Fernando Cristo, apresentou o projeto ao legislativo. A lei vigente sobre os mecanismos de participação cidadã impede que um referendo se realize no mesmo dia das eleições nacionais, apesar de a consulta sobre um futuro acordo com as Farc poder ser convocada em outra data do mesmo ano de 2014.

As Farc também condenaram nesta sexta, em outro comunicado, o "tratamento militarista" que o governo Santos dá aos protestos dos camponeses, iniciados na segunda-feira. O governo de Santos realiza desde o final de 2012 um processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com uma mesa de conversações em Havana, e até agora discutiram dois de cinco pontos: o desenvolvimento rural e a participação política da guerrilha.

Restam ser abordados os pontos sobre drogas ilícitas, abandono das armas e indenização das vítimas. Na terça-feira, as Farc fizeram pela primeira vez um ;mea culpa; e admitiram sua cota de responsabilidade pelas vítimas da violência na Colômbia, quase um mês depois de Santos, também pela primeira vez, reconhecer a responsabilidade do Estado em "graves violações" dos direitos humanos no conflito que dura meio século.

As Farc, fundada em 1964 e com 8.000 combatentes atualmente, são a guerrilha mais antiga da América Latina. O conflito com as Farc deixou 600.000 mortos e mais de três milhões de deslocados. Esta é a quinta tentativa de se conseguir um acordo de paz, depois de três experiências fracassadas nos anos 1980, 1990 e 2000.

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