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Ex-dirigente chinês admite certa responsabilidade em desvio de verbas

Agência France-Presse
postado em 24/08/2013 12:40
Jinan - O ex-dirigente chinês Bo Xilai admitiu neste sábado sua parcela de responsabilidade no desvio de dinheiro público em benefício da esposa no terceiro dia de um julgamento que trouxe à tona a corrupção na política da China.

"Sinto que devo assumir certa responsabilidade (no fato) de que este dinheiro", cerca de 5 milhões de yuans (800.000 dólares), "chegou à conta (bancária) de Gu Kallai", declarou o ex-dirigente da metrópole de Dalian (nordeste) ao tribunal de Jinan.

O dinheiro estava, a princípio, destinado a um projeto de construção em Dalian, onde Bo era prefeito.

"Fui muito negligente, tratava-se de dinheiro público", reconheceu Bo, segundo as transcrições do julgamento divulgadas pelo tribunal.

Bo, que rebateu todas as acusações da promotoria desde o início do julgamento, reconheceu pela primeira vez perante o tribunal sua parcela de responsabilidade nos fatos.

Mesmo assim, o político negou "querer desviar este dinheiro público" e respondeu a um dos principais testemunhos.

Wang Zhengguang, funcionário da secretaria de urbanismo de Dalian durante a administração de Bo, declarou ao tribunal ter estado em contato com o prefeito e sua esposa para propor-lhes o dinheiro.

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Wang garantiu ter ouvido quando o ex-prefeito telefonou para sua mulher e pediu que ela retirasse cinco milhões de yuans destinados a um projeto de construção pública.

"Uma pessoa corrupta e sensata faria isso? Conseguem me imaginar falando este tipo de assunto ao telefone?", questionou Bo, para quem somente os políticos "mais estúpidos" falariam de corrupção ao telefone.

Ex-membro do poderoso gabinete político do Partido Comunista Chinês, Bo foi oficialmente acusado de ter recebido, ao lado da esposa e do filho, 21,79 milhões de yuans (3,6 milhões de dólares) em gratificações de dois empresários, Tang Xiaolin e Xu Ming, amigos do casal.

Bo Xilai também é acusado de abuso de poder por ter impedido uma investigação criminal contra sua esposa, Gu Kailai, presa desde 2012 pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood.

O tribunal também ouviu neste sábado Wang Lijun, antigo chefe da polícia da metrópole de Chongqing - governada por Bo - e ex-braço direito do político. Em fevereiro de 2012, após pedir asilo político num consulado dos Estados Unidos, Wang revelou os crimes ocorridos em Chongqing.

Wang foi condenado a 15 anos de prisão no ano passado por uma série de delitos, entre eles abuso de poder em relação ao assassinato cometido pela esposa de Bo.

O comparecimento surpresa de Wang ao julgamento aumentou ainda mais o interesse dos milhões de chineses no caso, considerado o maior escândalo político na China das últimas décadas.

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