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Julgamento do chinês Bo Xilai termina com pedido de pena severa

O acusado, que pode ser condenado à morte, deve cumprir uma longa pena de prisão, segundo especialistas

Agência France-Presse
postado em 26/08/2013 07:51
Jinan - O julgamento do ex-dirigente chinês Bo Xilai terminou nesta segunda-feira (26/8) com o pedido da promotoria de uma pena severa por atos de corrupção "extremamente graves". Ao fim do quinto dia de audiências, com o país em grande expectativa para saber mais sobre a corrupção dos políticos, o promotor reafirmou as acusações de corrupção, desvio de verbas e abuso de poder por obstruir uma investigação sobre subornos pagos à esposa de Bo Xilai. O tribunal de Jinan (leste do país) anunciará o veredicto "em uma data a determinar".

Decisão final da Justiça sobre Bo Xilai ainda não tem data marcadaNa audiência final, os representantes da promotoria não admitiram nenhuma circunstância atenuante válida ao ex-membro do poderoso gabinete político do Comitê Permanente do Partido Comunista. O julgamento de Bo Xilai teve início na quinta-feira. "Bo é culpado das acusações atribuídas e nenhuma circunstância atenuante permite contemplar para ele uma pena menor", declarou o promotor, segundo uma transcrição dos debates divulgada pelo tribunal. No procedimento penal da China, este tipo de pronunciamento permite prever uma pena rígida.

A queda do político, que era cotado como um nome importante para a equipe de governo da segunda potência mundial, teve o efeito de uma onda expansiva no Partido Comunista e no país. As autoridades controlaram de maneira inflexível o processo, considerado sensível. O acusado, que pode ser condenado à morte, deve cumprir uma longa pena de prisão, segundo especialistas.

Como exemplo da intensa supervisão das autoridades sobre as informações comunicadas fora do tribunal, a transcrição das palavras do promotor, divulgada em primeiro lugar no microblog do tribunal, foi suprimida após alguns minutos.

[SAIBAMAIS]Em uma versão modificada, disponibilizada depois, foi suprimido um parágrafo que mencionava as afirmações de Bo envolvendo seus superiores. O trecho citava a publicação, em fevereiro de 2012, de um certificado falso que justificava a "baixa para seguir tratamento médico" do ex-homem de confiança de Bo, o chefe de polícia Wang Lijun.

Wang acabara de tentar pedir refúgio em um consulado americano, onde revelou um crime e outros atos ilegais cometidos em Chongqing (sudoeste), a metrópole que era governada por Bo. A baixa por exaustão é um argumento que o governo já utilizou para executar punições. "Bo Xilai insistiu reiteradamente que (o certificado foi publicado) seguindo instruções de seus superiores hierárquicos", recordou o promotor no parágrafo suprimido.

Nas sessões dos dias anteriores, Bo Xilai negou ter recebido subornos pelo equivalente a 3,57 milhões de dólares, incluindo uma mansão na França. Mas admitiu "certa responsabilidade" no desvio de cinco milhões de yuans (800.000 dólares) de recursos públicos, que terminaram na conta de sua esposa, Gu Kailai, mas sem reconhecer sua culpa. Também admitiu "erros" a respeito da investigação do assassinato de um empresário britânico, envenenado por sua esposa.

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