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Diálogo de paz para Colômbia é retomado apesar de críticas a referendo

postado em 26/08/2013 13:16
Havana - O governo colombiano e a guerrilha comunista das Farc retomaram nesta segunda-feira (26/8) o diálogo de paz em Havana depois de uma breve pausa e apesar das fortes críticas do grupo rebelde à proposta do executivo de submeter a referendo um futuro acordo de paz. "Um acordo de paz não é um assunto que se possa definir de maneira unilateral, assim como o mecanismo de referendo", afirmou a aguerilha em um comunicado lido por seu chefe negociador, Iván Márquez, ao chegar ao Palácio das Convenções, sede dos diálogos.

Márquez, que é o número dois das Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc), acrescentou que "o mecanismo de referendo (do acordo de paz) não é um aspecto que possa ser resolvido apenas pelo governo". "Assumir essas atribuições (do referendo) é uma flagrante violação do acordo geral assinado em Havana há um ano", afirmou Márquez, enfatizando que, apesar das circunstâncias, as Farc se manterão à mesa de diálogo, fieis no compromisso de buscar a paz para a Colômbia por todos os meios".

A delegação do governo, presidida por Humberto de la Calle, não fez declarações. A guerrilha insistiu nesta segunda-feira em sua exigência de uma assembleia constituinte para a Colômbia que, entre suas atribuições, possa resolver assuntos nos quais não há acordo entre o governo e os rebeldes. "Por que o governo tem medo da Constituinte", questionou Márquez, deixando claro "de uma vez por todas que não haverá aceitação das Farcs de nenhum marco jurídico com projetos unilaterais". Ele tambem criticou a conjuntura eleitoral em que foi feita a proposta do referendo.

[SAIBAMAIS]O "marco jurídico para a paz" é outra iniciativa do presidente Juan Manuel Santos que já foi validada pelo Congresso, mas precisa da luz verde da Corte Constitucional. A guerrilha havia anunciado uma pausa nas negociações na sexta-feira, para analisar a proposta do presidente Juan Manuel dos Santos de celebrar um referendo destinado a validar um eventual acordo de paz.



Em 11 de junho, as Farc, que exigiram reiteradamente uma Assembleia Constituinte, propuseram adiar por um ano as eleições legislativas e presidenciais de 2014, o que implicaria prolongar o mandato das atuais autoridades, algo que Santos rejeitou. O anúncio da retomada do diálogo aconteceu depois do líder das Farc, Timoléon Jiménez, questionar no sábado a vontade do governo de estabelecer a paz, afirmando que Santos vincula o perdão para a guerrilha a seu apoio ao programa neoliberal.

O presidente Santos, por sua, pediu no domingo ao povo colombiano que não tema o acordo de paz com a guerrilha das Farc, assinalando que tudo será referendado pelos cidadãos. "É fácil cair no poço do negativismo e da descrença. Alguns gostariam que o país vivesse sempre assim, mas não há que temer a paz porque o processo que estamos liderando é sério e responsável", disse Santos em um ato público. "Também não há o que temer porque serão vocês, o povo colombiano, que terão a última palavra sobre o que ficar acertado em Havana".

O governo de Santos realiza desde o final de 2012 um processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com uma mesa de conversações em Havana, e até agora discutiram dois de cinco pontos: o desenvolvimento rural e a participação política da guerrilha. Restam ser abordados os pontos sobre drogas ilícitas, abandono das armas e indenização das vítimas.

Na semana passada, as Farc fizeram pela primeira vez um ;mea culpa; e admitiram sua cota de responsabilidade pelas vítimas da violência na Colômbia, quase um mês depois de Santos, também pela primeira vez, reconhecer a responsabilidade do Estado em "graves violações" dos direitos humanos no conflito que dura meio século.

Esta é a quinta tentativa de se conseguir um acordo de paz, depois de três experiências fracassadas nos anos 1980, 1990 e 2000. As Farc, fundadas em 1964 e com 8.000 combatentes atualmente, são a guerrilha mais antiga da América Latina. O conflito com as Farc deixou 600.000 mortos e mais de três milhões de deslocados.

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