Agência France-Presse
postado em 28/08/2013 12:11
O presidente sírio Bashar al-Assad quer transmitir a imagem de um homem sereno e determinado, no momento em que enfrenta o maior desafio do reinado, com uma possível intervenção militar estrangeira na Síria. "No palácio presidencial, tudo está tranquilo nesta quarta-feira (28/8) e o trabalho se desenrola normalmente. Não há traços de nervosismo. Ele lutará até o fim", afirmou à AFP um empresário sírio que mantém contato com os círculos no poder."O presidente continua normalmente com suas atividades e recebe conselhos. Não vemos sinais de cansaço, nem de estresse. Ele procura se mostrar como dono da situação", acrescenta. Oftalmologista de formação, este homem de 47 anos, que herdou do pai Hafez o posto de chefe de Estado após a morte de seu irmão mais velho Bassel, Bashar al-Assad afirma que não deixará o poder, pelo menos não antes do final de seu mandato em 2014.
Segundo um diplomata europeu, que faz a ligação entre Beirute e Damasco, "o presidente assegura a seus interlocutores ser inocente das acusações que pesam contra ele", em referência ao ataque com armas químicas em 21 de agosto imputado a suas tropas. Para ele, "as ameaças de ataque ocidentais provam a existência de um complô internacional com Israel à frente".
O diplomata acrescenta que Assad "insistirá no nacionalismo e sobre a ;agressão; do Ocidente contra o mundo árabe, se apresentando como vítima". Contra o que começou como uma revolta pacífica em março de 2011, aquele que era apresentado como "modernista" optou por uma repressão sangrenta, antes de anunciar reformas que não convenceram ninguém.
Ele toma as decisões sozinho
Ao correr desta revolta que se militarizou, deixando mais de 100.000 mortes, o caráter deste homem ex-tímido se confirma. "Foi-se o homem pouco à vontade, que ria, tenso, como foi o caso em seu discurso ao Parlamento no final de março de 2011. Hoje em dia é muito mais confiante e mais apresentável", explica o empresário.
[SAIBAMAIS]"É mais ;chefe; do que antes, mesmo sem pode agir sem o apoio do aparelho militar e de segurança", estimou recentemente Nikolaos van Dam, diplomata holandês especialista sobre a Síria. "Ele ouve seus conselheiros, mas toma decisões sozinho", insiste um analista em Beirute, sob a condição de anonimato.
Entre seus homens de confiança estão o seu irmão mais novo, o coronel Maher al-Assad - chefe da 4; Divisão do 1; Corpo do Exército em Damasco - sua esposa Asma, seu tio e primo, Mohammad e Rami Makhlouf - dois empresários da má reputação - e Hafez Makhlouf, um chefe de segurança em Damasco. Todos membros da comunidade alauíta, a qual pertence o presidente, exceto Asma, uma sunita.
Dois drusos também fazem parte de seu círculo de confiança, Mansour Azzam, secretário das relações presidenciais, e Louna al-Chibl, ex-jornalista. Assim como o general Hussam Sukkar (alauíta), conselheiro presidencial para questões de segurança e dois veteranos sunitas da inteligência: o general Ali Mamluk, diretor da Segurança Nacional, e o general Rustom Ghazalé, chefe da segurança política.
Vida quase normal
De acordo com um especialista sobre a Síria, que não quis se identificar, "ele herdou a compostura de seu pai, mas talvez não a sua prudência, se realmente tiver dado a ordem para o uso de armas químicas no momento em que os inspetores da ONU estavam no país". Uma pessoa amiga do casal presidencial diz que sua vida é "quase normal".
"Sua esposa Asma está envolvida na construção do museu para as crianças no centro de Damasco, e eles também gastam muito tempo com seus dois filhos e filha." "A única mudança nas últimas semanas, é que nem sempre dormem no mesmo lugar, para evitar serem alvos de bombardeios", segundo ela.