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Banco Merrill Lynch paga indenização recorde por discriminação racial

O banco pagará 160 milhões de dólares em uma ação por discriminação racial apresentada em 2005 em nome de cerca de 1.200 funcionários

Agência France-Presse
postado em 28/08/2013 18:24
Nova York - O banco norte-americano Merrill Lynch, acusado de discriminação racial, pagará uma cifra recorde nos Estados Unidos por dificultar a carreira de centenas de funcionários negros, disseram advogados nesta quarta-feira (28/8).

O Merrill Lynch, braço do banco de investimentos Bank of America, pagará 160 milhões de dólares em uma ação por discriminação racial apresentada em 2005 em nome de cerca de 1.200 funcionários, disse à AFP Suzanne Bish, advogada dos demandantes.

"Esta é, acredito, a quantia mais alta jamais paga a um fundo indenizatório no marco de uma ação de discriminação trabalhista", que inclui discriminação sexual ou racial, disse Bish.



A ação, interposta por George McReynolds, assessor financeiro da sucursal do banco em Nashville (Tennessee, sul), acusava o Merrill Lynch de "realizar práticas sistemáticas e generalizadas de discriminação racial e represálias, assim como políticas de remuneração e de acesso a promoções desiguais".

Um porta-voz do Bank of America-Merrill Lynch não fez comentários sobre a quantia, limitando-se a dizer: "Estamos trabalhando em uma resolução muito positiva de uma ação apresentada em 2005 e para melhorar as oportunidades dos assessores financeiros afro-americanos". O acordo ainda deve ser aprovado por um juiz. Uma audiência está prevista para o dia 3 de setembro.

O paradoxo do diretor negro

Ironicamente, a ação foi apresentada quando o banco era dirigido por um negro, Stanley O;Neal, um veterano de Wall Street que esteve à frente da entidade de 2003 a 2007. O Merrill Lynch foi comprado pelo Bank of America no começo de 2009, durante a crise financeira.

"Queríamos ressaltar as práticas sistemáticas na empresa e não a conduta de uma pessoa", disse Bish, que destacou que O;Neal ascendeu na empresa a partir do banco de investimentos, onde os negros não tinham que enfrentar os mesmos desafios.

Entrevistado por causa deste processo, O;Neal reconheceu que os corretores negros tiveram, talvez, mais dificuldades em sua carreira, sobretudo, porque muitos dos clientes do banco, predominantemente brancos, no queriam confiar a eles a gestão de seu dinheiro.

Segundo Bish, O;Neal tentou atribuir as diferenças salariais e de carreira dos corretores a "barreiras culturais e raciais externas à empresa".

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