Agência France-Presse
postado em 29/08/2013 10:39
Damasco - Os especialistas das Nações Unidas que investigam na Síria o suposto uso de armas químicas em um ataque deverão prestar contas de seu trabalho no fim de semana, enquanto o Ocidente continua a discutir uma intervenção militar em represália. Embora o presidente americano Barack Obama tenha atribuído claramente a responsabilidade do ataque químico de 21 de agosto, nas proximidades de Damasco, ao regime sírio, ele ressaltou que ainda não há uma decisão sobre uma possível ação militar.
À espera de uma decisão, a Grã-Bretanha enviou s para proteger seus interesses, enquanto quatro destróieres americanos equipados com dezenas de mísseis de cruzeiro Tomahawk já atravessam o Mediterrâneo. Entre os aliados do presidente Bashar al-Assad, a Rússia, que se opõe a qualquer intervenção na Síria e que dispõe de uma base naval no país, anunciou o envio ao Mediterrâneo nos próximos dias de um navio de guerra anti-submarino e um navio lança-mísseis.
[SAIBAMAIS]Após alusões a uma ação iminente, países ocidentais, incluindo a Grã-Bretanha, disseram que iriam aguardar os resultados da investigação dos especialistas da ONU sobre o ataque de 21 de agosto, que resultou em centenas de mortes. Nesta quinta-feira, os especialistas deixaram o hotel em um comboio de seis automóveis da ONU rumo a um local da região de Damasco não divulgado. "Continuarão a investigação até a manhã de sexta-feira, deixarão a Síria no sábado pela manhã e me apresentarão um relatório", declarou à imprensa em Viena o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Na quarta-feira, os inspetores recolheram amostras de sangue, uria e cabelo das vítimas do suposto ataque químico nas localidades de Ghuta oriental e Ghuta ocidental.
Segurança reforçada em Damasco
Acusado por Londres, Washington e Paris por este ataque, o regime sírio nega qualquer recurso a armas químicas no conflito. Nesta quinta-feira, o presidente sírio Bashar al-Assad afirmou afirmou que "a Síria se defenderá contra qualquer agressão e as ameaças não fazem mais que aumentar seu apego a seus princípios e a sua independência", referindo-se à operação militar que alguns países cogitam. "A Síria, com seu povo que resiste e seu corajoso exército, está determinada a erradicar o terrorismo apoiado por Israel e os países ocidentais a fim de servir a seus planos que são a divisão da região, a fragmentação e a submissão de seus povos", enfatizou ao receber uma delegação iemenita.
A capital síria se prepara a um confronto com os ocidentais, com controles mais estritos nas barreiras rodoviárias, medidas de segurança reforçadas nos hospitais e um reposicionamento das Forças Armadas fora de seus postos de comando. Nos últimos dias, os Estados Unidos endureceram consideravelmente o tom contra o regime sírio, e uma intervenção armada parece muito próxima. O governo britânico difundiu nesta quinta-feira um relatório jurídico que afirma que um ataque à Síria em resposta ao uso de armas químicas seria legal, inclusivo sem a autorização da ONU.
A base legal para uma taque seria "a intervenção humanitária", afirma o relatório. "Apesar de a ação ser bloqueada no Conselho de Segurança da ONU, a Grã-Bretanha terá permissão para tomar medidas excepcionais amparado pela lei internacional". Rússia e China alertaram diversas vezes que vetarão as resoluções do Conselho de Segurança que possibilitem um ataque à Síria. Esse relatório é divulgado no mesmo dia em que o parlamento britânico votará a resposta ao regime de Bashar al Assad pelo suposto ataque químico.
Divisões internacionais
A divisão entre Rússia e China, por um lado, e Estados Unidos, Reino Unido e França, por outro, reflete fielmente as posições de cada um sobre o conflito que já deixou mais de 100.000 mortos e obrigou milhões de sírios a deixar o país desde março de 2011. Na quarta, os membros permanentes do Conselho de Segurança não chegaram a um acordo sobre uma proposta de resolução britânica que justificava uma intervenção militar na Síria.
O papa Francisco e o rei da Jordânia, Abdullah II, declararam em um comunicado que "o caminho do diálogo e da negociação entre os componentes da sociedade síria, com o apoio da comunidade internacional, é a única opção para por fim ao conflito". A Santa Sé insistiu na necessidade de por fim "aos atos de violência qe causam todos os dias a perda de tantas vidas humanas, principalmente entre a população inocente".