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Sírios superam preconceito e procuram ajuda em hospitais israelenses

Dezenas de sírios feridos são tratados tranquilamente em um pequeno hospital no norte de Israel

Agência France-Presse
postado em 30/08/2013 11:06
Safed - Longe da fúria dos bombardeios em seu país, dezenas de sírios feridos são tratados tranquilamente em um pequeno hospital no norte de Israel, esquecendo por alguns dias as tensões entre os dois países. Fátima foi ferida em um bombardeio contra sua cidade natal de Deraa, no sul da Síria. Admitida no final de julho no hospital Ziv de Safed, ela não para de elogiar os funcionários israelenses. "Eles mostram muito respeito por nós. Que Deus possa protegê-los", diz, sentada em sua cama, ao lado do leito de sua filha de 8 anos, também ferida.

Homem carrega um jovem depois de um ataque a um hospital, no subúrbio de Uorm al-Kubra em Aleppo

Mas esta mãe de nove filhos, de 41 anos, ainda não consegue esconder seu nervosismo com a ideia de ser cuidada em Israel, um país tecnicamente em guerra com a Síria desde as guerras de 1967 e 1973. Temerosa, pediu que seu verdadeiro nome, assim como o de sua filha, fossem substituídos por pseudônimos para que não pudessem ser identificadas. "Por favor, não mostrem nossos rostos".



Fátima faz parte de um grupo de mais de 100 sírios hospitalizado em Israel, a maioria em hospitais de Safed e Nahariya. De acordo com o vice-diretor do hospital de Safed, Calin Shapira, cerca de um milhão de dólares foram alocados pelo governo israelense para tratar sírios feridos. Fátima diz não saber como chegou em Israel. Ela se ocupava de seus afazeres domésticos quando morteiros atingiram sua casa em Deraa, ferindo ela e sua filha "Zahra". "A explosão me deixou completamente surda. Fiquei assustada e não me lembro como cheguei aqui, ou quem me tirou dos escombros. Só me lembro de pessoas me ajudando a levantar. E então vim parar aqui, em um hospital israelense", conta.

Segundo os médicos, Fátima, atingida no tornozelo, sofreu "um grave trauma ligado a explosão com perda de tecido e osso", enquanto sua filha foi diagnosticada com múltiplas fraturas em ambas as pernas. Sua vizinha de quarto, de 15 anos, também moradora de Deraa, teve menos sorte e perdeu suas duas pernas em um bombardeio. No setor de tratamento intensivo, logo ao lado do quarto das três mulheres, está deitado um jovem sírio, com uma bala alojada em seu estômago. Israel está em alerta pela possibilidade de uma intervenção militar estrangeira na Síria, que poderia transbordar para o Estado hebreu.

Compaixão


[SAIBAMAIS]Apesar da escalada da tensão entre os dois países, todos os sírios que chegam em estabelecimentos israelenses são tratados, explica o vice-diretor do hospital Ziv. "Pouco importa de ondem vêm. Nós os recebemos no hospital e cuidamos com compaixão. Um dos princípios médicos é ajudar o outro, independentemente de qualquer outra consideração", explica Calin Shapira. "A maioria dos feridos vindos da Síria são civis inocentes, incluindo muitas mulheres e crianças, que não participaram de combate algum", acrescenta, indicando que eles são levados aos hospitais pelo Exército israelense.

"Não sabemos de onde vêm, ou quem são. A única coisa que sabemos é que não fazem parte das forças de Assad", prossegue. O Exército israelense indicou ter evacuado dezenas de sírios feridos, autorizados por razões humanitárias a atravessar a linha de cessar-fogo entre Israel e a Síria na barreira de Quneitra, para o hospital Ziv, localizado a 40 km de distância. "Quando podem deixar o hospital, os sírios são confiados ao Exército, que deve os levar de volta para a Síria, mas eu não sei para onde", indica Shapira. Fátima teme todos bombardeios, com ou sem utilização de armas químicas. "Todo mundo tem medo de bombardeios e ataques (do regime) que se seguem há muito tempo", diz. "Esperamos que tudo isso tenha acabado quando voltarmos para casa".

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