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Líderes da Unasul buscam posição comum sobre eventual ataque à Síria

Os governos de Brasil, Argentina, Venezuela, Equador e Bolívia já manifestaram nestes dias seu repúdio à possível intervenção

Agência France-Presse
postado em 30/08/2013 18:51
Paramaribo - Os líderes da Unasul procuram nesta sexta-feira (30/8) emitir uma declaração conjunta sobre um eventual ataque militar dos Estados Unidos contra a Síria, durante a cúpula que os reúne no Suriname e que selará o retorno do Paraguai ao bloco. "Espero que desta cúpula saia uma declaração clara, frontal, sem medo. Ninguém quer uma ditadura, nem atentar contra os direitos humanos", disse o presidente do Equador, Rafael Correa, um dois primeiros a chegar a Paramaribo.

Winston Lackin, chanceler desta pequena ex-colônia holandesa às margens do Atlântico que assume a presidência pró-tempore de um ano no lugar do Peru, já adiantou que os líderes darão nesta sexta-feira uma declaração sobre um eventual ataque militar liderado pelos Estados Unidos e a França contra o regime de Bashar al Assad, a quem acusam de ter usado armas químicas contra civis. "A postura do Equador, que tomara que seja a da Unasul, é a de repudiar esta invasão, esta intervenção militar que se quer na Síria", disse Correa.

Os governos de Brasil, Argentina, Venezuela, Equador e Bolívia já manifestaram nestes dias seu repúdio à possível intervenção. A Argentina, que exerce a presidência pró-tempore do Conselho de Segurança da ONU, propôs "uma intervenção humanitária sem fins, nem meios militares e com mandato" da ONU, enquanto o Brasil informou que não apoiará uma ação militar sem o aval do organismo internacional.

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU não chegaram a um acordo na quinta-feira. Também na quinta, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que enviará uma carta ao colega americano, Barack Obama, lembrando que o americano é prêmio Nobel da Paz, para pedir a ele que desista de uma escalada que, segundo Maduro, provocaria "um desastre" no Oriente Médio.

= O retorno do Paraguai =


Com a ausência dos presidentes de Colômbia, Argentina, Chile e Uruguai, a cúpula está prevista para a tarde, após a chegada dos presidentes, que serão recebidos por autoridades locais. O presidente peruano, Ollanta Humala, entregará a presidência temporária da Unasul ao presidente do Suriname, Desi Bouterse, ex-golpista e protegido por uma lei de anistia e imunidade presidencial de um processo pela execução de opositores e de uma condenação à revelia por narcotráfico proferida em 1999 na Holanda.

A cúpula selará o retorno ao bloco do Paraguai, suspenso em junho de 2012, após a destituição do presidente de esquerda Fernando Lugo. Será o primeiro encontro internacional do novo presidente Horacio Cartes, que ainda não decidiu se seu país também voltará ao Mercosul, do qual foi expulso pela mesma razão.

Apesar da ausência do presidente colombiano Juan Manuel Santos, os chefes de Estado abordarão também o processo de paz entre o governo e a guerrilha das Farc, e a situação na Colômbia depois que grandes manifestações em apoio a um protesto de agricultores que deixaram dois mortos na capital, Bogotá.



Outro tema será a reforma integral dos estatutos da Unasul, para "ver como pode se tornar mais efetivo", explicou na quinta-feira à AFP o chanceler do Suriname. "Não podemos permitir que a Unasul seja governada por uma burocracia institucional como aconteceu com outros organismos internacionais", declarou o chanceler venezuelano Elías Jaua durante reunião preparatória.

Os líderes também discutirão a nomeação de um novo secretário-geral em substituição ao venezuelano Ali Rodríguez Araque, que se demitiu na quinta-feira do cargo que ocupava desde junho de 2012. Diante da falta de consenso, o Equador pedirá mais 30 dias para tentar chegar a um nome de consenso, que poderia sair da Bolívia e do Peru, dois países que propuseram candidatos.

O Equador também pedirá aos colegas apoio no julgamento em que seu governo enfrenta a petroleira americana Chevron por danos ambientais na Amazônia. Está prevista uma homenagem dos presidentes ao falecido líder Hugo Chávez, fervoroso partidário da integração entre os países latino-americanos, sonho antigo do libertador Simón Bolívar.

Em caráter bilateral, os presidentes de Brasil, Dilma Rousseff, e Bolívia, Evo Morales, abordarão a crise entre os dois governos provocada pela fuga do senador boliviano refugiado na embaixada brasileira em La Paz para o Brasil, país onde tinha asilo, embora não tivesse um salvo-conduto para deixar a Bolívia.

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