Agência France-Presse
postado em 30/08/2013 18:53
Washington - Em meio a uma opinião pública cética, abandonado por seu aliado britânico, mas garantindo ter provas, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ainda buscava nesta sexta-feira (30/8) uma "decisão final" sobre a Síria.
Depois de acumular reiterados fracassos na tentativa de um consenso na ONU que possibilitasse uma intervenção militar contra o regime de Bashar al-Assad, Obama criticou a "incapacidade" do Conselho de Segurança para agir.
"Ainda não tomei uma decisão final sobre as várias ações que podem ser tomadas para ajudar a respeitar a lei. Mas, como já disse, minha equipe e meus assessores militares analisam um amplo leque de opções. Consultamos aliados. Consultamos o Congresso. Conversamos com todas as partes interessadas", declarou. "Em nenhum caso", acrescentou, o governo americano considera a possibilidade de ações militares que impliquem tropas no terreno, ou uma campanha de longo prazo. "Mas estamos analisando a possibilidade de uma ação limitada, pontual", ressaltou.
Na véspera do anúncio do relatório final da missão de especialistas da ONU, Obama disse que ainda não tomou uma "decisão final" sobre uma ação militar de represália à Síria. Pouco antes, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, havia divulgado um informe elaborado pela inteligência americana, segundo o qual "1.429 pessoas morreram (...), incluindo pelo menos 426 crianças" no ataque com armas químicas ocorrido em 21 de agosto.
O documento, prometido a congressistas americanos há alguns dias, acrescenta que "os Estados Unidos chegaram à conclusão de que há um alto índice de certeza de que o governo sírio cometeu um ataque com armas químicas em um subúrbio de Damasco em 21 de agosto. Também concluiu que o regime usou um gás neurotóxico no ataque".
Esse informe, muito esperado pela comunidade internacional - embora não tanto quanto o dos especialistas da ONU -, foi divulgado um dia depois da decisão britânica de manter distância de uma nova guerra. Na quinta-feira, a Câmara dos Comuns rejeitou uma moção de apoio ao premier David Cameron por uma resposta à Síria.
Esse golpe político para Cameron afeta os EUA, de quem os britânicos são um fiel aliado. A Grã-Bretanha foi o único país a acompanhar, desde o início, a intervenção americana ao Iraque, em março de 2003.
A França, que deseja uma ação "proporcional e firme" contra Damasco, surgia nesta sexta como principal parceiro dos EUA, assim como a Austrália. Washington já abriu mão do aval do Conselho de Segurança da ONU, diante do direito de veto de Rússia e China, dois dos cinco membros permanentes e fortes aliados do regime de Al-Assad.
O isolamento de Washington no plano internacional é acompanhado de certa desconfiança da opinião pública doméstica e do Congresso frente a uma intervenção no Oriente Médio, menos de dois anos depois da saída dos últimos soldados americanos do Iraque.
Margem estreita
Uma pesquisa da NBC revelou nesta sexta-feira que metade dos americanos rejeita uma intervenção militar contra o regime sírio em represália pelo uso de armas químicas contra civis, enquanto 42% a apoiariam.
Já 79% desejam que Obama obtenha autorização do Congresso antes de qualquer intervenção militar. Em tese, a lei americana exige a aprovação do Poder Legislativo para qualquer envio prolongado de forças militares ao exterior. Em geral, porém, os presidentes americanos se apoiam em seu poder constitucional de comandante-em-chefe para iniciar operações militares sem aval parlamentar.
Na quarta-feira, 116 membros da Câmara de Representantes (de um total de 435, sendo 185 democratas), reivindicaram que o Congresso seja convocado para autorizar formalmente uma intervenção. Na quinta, uma carta similar assinada por 54 legisladores, democratas em sua maioria, também foi enviada para Obama.
O mais preocupante para o presidente Obama é que apenas 35% dos entrevistados aprovam sua gestão do tema sírio; 41%, sua política externa; e 44%, seu governo em geral. Esse é o percentual mais baixo já registrado por Obama desde que a pesquisa começou a ser realizada.
O ceticismo da opinião pública se refletiu nas declarações de alguns congressistas na quinta-feira à noite, depois de uma reunião de 90 minutos. Nela, as principais autoridades de Segurança Nacional compartilharam "a lógica do governo (com os congressistas) e consultaram sua opinião sobre a resposta que deveria ser dada ao regime de Assad" - informou a Casa Branca.
O senador republicano Jim Inhofe criticou a ausência de "agenda e de estratégia para a Síria e o Oriente Médio". Com cinco destróieres americanos estacionados no leste do Mediterrâneo, a "margem" para uma intervenção pode ficar estreita, após a saída dos inspetores da ONU da Síria, prevista para sábado de manhã.
Obama deve viajar para a Rússia na quinta e sexta-feira para participar de uma cúpula do G-20, depois de uma escala na Suécia, na quarta-feira. Para o presidente russo, Vladimir Putin, ver como os americanos dirigem ataques contra seu aliado Síria de seu próprio território constituiria uma afronta adicional. No verão (hemisfério norte), uma cúpula bilateral já havia sido cancelada.
Depois de acumular reiterados fracassos na tentativa de um consenso na ONU que possibilitasse uma intervenção militar contra o regime de Bashar al-Assad, Obama criticou a "incapacidade" do Conselho de Segurança para agir.
"Ainda não tomei uma decisão final sobre as várias ações que podem ser tomadas para ajudar a respeitar a lei. Mas, como já disse, minha equipe e meus assessores militares analisam um amplo leque de opções. Consultamos aliados. Consultamos o Congresso. Conversamos com todas as partes interessadas", declarou. "Em nenhum caso", acrescentou, o governo americano considera a possibilidade de ações militares que impliquem tropas no terreno, ou uma campanha de longo prazo. "Mas estamos analisando a possibilidade de uma ação limitada, pontual", ressaltou.
Na véspera do anúncio do relatório final da missão de especialistas da ONU, Obama disse que ainda não tomou uma "decisão final" sobre uma ação militar de represália à Síria. Pouco antes, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, havia divulgado um informe elaborado pela inteligência americana, segundo o qual "1.429 pessoas morreram (...), incluindo pelo menos 426 crianças" no ataque com armas químicas ocorrido em 21 de agosto.
O documento, prometido a congressistas americanos há alguns dias, acrescenta que "os Estados Unidos chegaram à conclusão de que há um alto índice de certeza de que o governo sírio cometeu um ataque com armas químicas em um subúrbio de Damasco em 21 de agosto. Também concluiu que o regime usou um gás neurotóxico no ataque".
Esse informe, muito esperado pela comunidade internacional - embora não tanto quanto o dos especialistas da ONU -, foi divulgado um dia depois da decisão britânica de manter distância de uma nova guerra. Na quinta-feira, a Câmara dos Comuns rejeitou uma moção de apoio ao premier David Cameron por uma resposta à Síria.
Esse golpe político para Cameron afeta os EUA, de quem os britânicos são um fiel aliado. A Grã-Bretanha foi o único país a acompanhar, desde o início, a intervenção americana ao Iraque, em março de 2003.
A França, que deseja uma ação "proporcional e firme" contra Damasco, surgia nesta sexta como principal parceiro dos EUA, assim como a Austrália. Washington já abriu mão do aval do Conselho de Segurança da ONU, diante do direito de veto de Rússia e China, dois dos cinco membros permanentes e fortes aliados do regime de Al-Assad.
O isolamento de Washington no plano internacional é acompanhado de certa desconfiança da opinião pública doméstica e do Congresso frente a uma intervenção no Oriente Médio, menos de dois anos depois da saída dos últimos soldados americanos do Iraque.
Margem estreita
Uma pesquisa da NBC revelou nesta sexta-feira que metade dos americanos rejeita uma intervenção militar contra o regime sírio em represália pelo uso de armas químicas contra civis, enquanto 42% a apoiariam.
Já 79% desejam que Obama obtenha autorização do Congresso antes de qualquer intervenção militar. Em tese, a lei americana exige a aprovação do Poder Legislativo para qualquer envio prolongado de forças militares ao exterior. Em geral, porém, os presidentes americanos se apoiam em seu poder constitucional de comandante-em-chefe para iniciar operações militares sem aval parlamentar.
Na quarta-feira, 116 membros da Câmara de Representantes (de um total de 435, sendo 185 democratas), reivindicaram que o Congresso seja convocado para autorizar formalmente uma intervenção. Na quinta, uma carta similar assinada por 54 legisladores, democratas em sua maioria, também foi enviada para Obama.
O mais preocupante para o presidente Obama é que apenas 35% dos entrevistados aprovam sua gestão do tema sírio; 41%, sua política externa; e 44%, seu governo em geral. Esse é o percentual mais baixo já registrado por Obama desde que a pesquisa começou a ser realizada.
O ceticismo da opinião pública se refletiu nas declarações de alguns congressistas na quinta-feira à noite, depois de uma reunião de 90 minutos. Nela, as principais autoridades de Segurança Nacional compartilharam "a lógica do governo (com os congressistas) e consultaram sua opinião sobre a resposta que deveria ser dada ao regime de Assad" - informou a Casa Branca.
O senador republicano Jim Inhofe criticou a ausência de "agenda e de estratégia para a Síria e o Oriente Médio". Com cinco destróieres americanos estacionados no leste do Mediterrâneo, a "margem" para uma intervenção pode ficar estreita, após a saída dos inspetores da ONU da Síria, prevista para sábado de manhã.
Obama deve viajar para a Rússia na quinta e sexta-feira para participar de uma cúpula do G-20, depois de uma escala na Suécia, na quarta-feira. Para o presidente russo, Vladimir Putin, ver como os americanos dirigem ataques contra seu aliado Síria de seu próprio território constituiria uma afronta adicional. No verão (hemisfério norte), uma cúpula bilateral já havia sido cancelada.