Agência France-Presse
postado em 02/09/2013 20:45
Damasco - No início da noite, muitas famílias de Damasco tentam, sob rígidas medidas de segurança, esquecer a guerra em torno de um narguilé na Praça de Arnous, dominada por uma estátua gigantesca no estilo soviético do ex-presidente Hafez al Assad.
"Na minha casa, fico nervosa e me angustio de olhar as notícias. Venho aqui para respirar", diz à AFP a corpulenta e sorridente Oum Sami, de óculos pequenos e véu branco, em meio ao barulho surdo e intermitente dos bombardeios, ao longe.
"Quando vejo toda essa gente, não tenho mais medo", acrescenta ela, ao mostrar as mesas e cadeiras de plástico armadas perto dos vendedores de café, suco, algodão doce e guloseimas, ao som da música oriental popular, que dá ares de festa ao local.
No bairro central de Salhiyé, essa praça pública, pela qual as pessoas circulavam antes do conflito, transformou-se em um café ao ar livre para quem busca um pouco de calor humano. A alguns quilômetros dali, nos grandes subúrbios da capital, corre a guerra entre Exército e rebeldes.
Já que não podem mais passar o fim de semana nos prados da Ghuta oriental, agora sinônimo de área perigosa e de ataque químico, os habitantes da capital recorrem aos jardins públicos.
[SAIBAMAIS]Em Techrine, Al Jahez, Mazraa, Baramké, muitos moradores de Damasco se reúnem nesses jardins protegidos por uma grande quantidade de militares e membros dos serviços de segurança. Para os transeuntes, sua presença tranquiliza.
"Venho aqui todos os dias e estou tranquila, porque o Exército está em toda parte", comenta Rouqayya al Zayyat, vestida de preto.
"Aqui, nós nos sentimos mais seguros", completa Samar, que foi com a mãe e com as filhas. "Além disso, é mais barato do que nos cafés", diz ela.
"As pessoas vêm aqui porque tem vida e também porque as pessoas pobres não podem se permitir usar um narguilé por 300 libras sírias (mais de US$ 1)", o triplo de antes da guerra, explica Mounir, dono de uma agência de turismo. "Meu trabajo era turismo e as viagens. Agora, é apenas viagem", ironiza, com amargura.
"Passamos horas para desafiar a guerra", diz Wassim, de 33, enquanto inala a fumaça do narguilé, ao lado de crianças que se divertem com patinetes e patins, e namorados que passeiam de mãos dadas.
O desafio também é lançado aos rebeldes, quando toca em ritmo de discoteca uma música da moda nos ambientes pró-regime: "O povo sírio nas praças grita: Somos teus soldados, ó Bashar".
Amir Najar recita versos elogiosos ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e critica o presidente dos EUA, Barack Obama, que acusou o governo de ter cometido um ataque químico devastador e acabou pedindo autorização ao Congresso americano para possíveis ataques de represália. "Obama, miserável, você vai se ajoelhar diante de Assad", canta Amir Najar, sob aplausos.
Por trás da aparente calma, são muitos os dramas pessoais. "Trabalhava em Jaramana (subúrbio do sudeste de Damasco), mas os terroristas (rebeldes, segundo a terminologia do regime) destruíram nossa fábrica de doces", diz Osama, que há um ano vende suco, café e chá.
Embora essa praça continue animada até tarde da noite, assim como algumas ruas comerciais, o ambiente noturno no restante de Damasco mudou depois do conflito. À meia-noite, a cortina da guerra cai sobre a capital, e a maioria das ruas fica quase que totalmente deserta. No verão, todas as grandes cidades árabes costumam ficar animadas até o amanhecer. Oum Sami se mantém optimista: "Espero que Damasco volte a ser como antes".
"Na minha casa, fico nervosa e me angustio de olhar as notícias. Venho aqui para respirar", diz à AFP a corpulenta e sorridente Oum Sami, de óculos pequenos e véu branco, em meio ao barulho surdo e intermitente dos bombardeios, ao longe.
"Quando vejo toda essa gente, não tenho mais medo", acrescenta ela, ao mostrar as mesas e cadeiras de plástico armadas perto dos vendedores de café, suco, algodão doce e guloseimas, ao som da música oriental popular, que dá ares de festa ao local.
No bairro central de Salhiyé, essa praça pública, pela qual as pessoas circulavam antes do conflito, transformou-se em um café ao ar livre para quem busca um pouco de calor humano. A alguns quilômetros dali, nos grandes subúrbios da capital, corre a guerra entre Exército e rebeldes.
Já que não podem mais passar o fim de semana nos prados da Ghuta oriental, agora sinônimo de área perigosa e de ataque químico, os habitantes da capital recorrem aos jardins públicos.
[SAIBAMAIS]Em Techrine, Al Jahez, Mazraa, Baramké, muitos moradores de Damasco se reúnem nesses jardins protegidos por uma grande quantidade de militares e membros dos serviços de segurança. Para os transeuntes, sua presença tranquiliza.
"Venho aqui todos os dias e estou tranquila, porque o Exército está em toda parte", comenta Rouqayya al Zayyat, vestida de preto.
"Aqui, nós nos sentimos mais seguros", completa Samar, que foi com a mãe e com as filhas. "Além disso, é mais barato do que nos cafés", diz ela.
"As pessoas vêm aqui porque tem vida e também porque as pessoas pobres não podem se permitir usar um narguilé por 300 libras sírias (mais de US$ 1)", o triplo de antes da guerra, explica Mounir, dono de uma agência de turismo. "Meu trabajo era turismo e as viagens. Agora, é apenas viagem", ironiza, com amargura.
"Passamos horas para desafiar a guerra", diz Wassim, de 33, enquanto inala a fumaça do narguilé, ao lado de crianças que se divertem com patinetes e patins, e namorados que passeiam de mãos dadas.
O desafio também é lançado aos rebeldes, quando toca em ritmo de discoteca uma música da moda nos ambientes pró-regime: "O povo sírio nas praças grita: Somos teus soldados, ó Bashar".
Amir Najar recita versos elogiosos ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e critica o presidente dos EUA, Barack Obama, que acusou o governo de ter cometido um ataque químico devastador e acabou pedindo autorização ao Congresso americano para possíveis ataques de represália. "Obama, miserável, você vai se ajoelhar diante de Assad", canta Amir Najar, sob aplausos.
Por trás da aparente calma, são muitos os dramas pessoais. "Trabalhava em Jaramana (subúrbio do sudeste de Damasco), mas os terroristas (rebeldes, segundo a terminologia do regime) destruíram nossa fábrica de doces", diz Osama, que há um ano vende suco, café e chá.
Embora essa praça continue animada até tarde da noite, assim como algumas ruas comerciais, o ambiente noturno no restante de Damasco mudou depois do conflito. À meia-noite, a cortina da guerra cai sobre a capital, e a maioria das ruas fica quase que totalmente deserta. No verão, todas as grandes cidades árabes costumam ficar animadas até o amanhecer. Oum Sami se mantém optimista: "Espero que Damasco volte a ser como antes".