Agência France-Presse
postado em 05/09/2013 15:39
Tóquio - O presidente da Autoridade de Regulação Nuclear do Japão (NRA) acusou nesta quinta-feira (5/9) a companhia Tepco de usar uma estratégia desastrada ao informar os meios de comunicação sobre o acidente na usina de Fukushima."Para evitar ser acusada de omissão, a Tepco fornece vários dados e isto causa muita incompreensão, erros, enganos", declarou Shunichi Tanaka, durante entrevista coletiva. "A Tepco deveria, não dizer apenas o que a companhia sabe, mas também o que ela ignora", acrescentou.
O presidente da NRA, ele próprio recentemente criticado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por sua comunicação equivocada, deu como exemplo o fato de a Tepco usar unidades que levam à confusão ao se referir à contaminação do complexo atômico devastado por um tsunami em março de 2011.
Recentemente, a Tepco divulgou o registro de níveis elevados de radioatividade perto de reservatórios de água radioativa, expressos em milisieverts por hora (1.800 e depois 2.200 milisieverts).
A companhia não informou em um primeiro momento a qual radiação se referia, de forma que o risco radiativo pode ter sido interpretado de forma muito variável.
Na verdade, tratavam-se de raios beta, dos quais o homem pode muito facilmente se proteger, por exemplo, com um traje de alumínio. Mas o mesmo nível de raios gama teria sido letal em algumas horas uma vez que estes são difíceis de bloquear.
Quando se fala em raios beta, que podem facilmente ser bloqueados com roupas de proteção, "seria necessário utilizar becquerels por unidade de volume ou massa" para expressar a contaminação do solo ou da água, insistiu Tanaka.
Ele também reprovou a forma de trabalho dos jornalistas: "os senhores deveriam evitar criar uma situação que torne o Japão alvo de críticas internacionais com base em informações falsas vindas daqui".
Tanaka já tinha criticado recentemente a mídia que, segundo ele, supervalorizou o fato de a autoridade situar um vazamento de 300 toneladas de água radioativa em um reservatório no nível 3 ("incidente grave") da escala internacional de eventos nucleares (Ines), mesmo que o tema ainda estivesse em discussão na entidade reguladora, cujas reuniões são difundidas pela internet.