Mundo

Dilma e Obama se reúnem à margem do G20

As relações entre Brasil e Estados Unidos foram afetadas pelas recentes revelações da imprensa, segundo as quais a presidente brasileira foi alvo da espionagem dos serviços secretos americanos

Agência France-Presse
postado em 05/09/2013 20:37
São Petersburgo - A presidente Dilma Rousseff e presidente norte-americano, Barack Obama, se reuniram nesta quinta-feira (5/9) à noite em um encontro paralelo à cúpula de chefes de Estado do G20, no momento em que as relações bilaterais estão abaladas pelo escândalo de espionagem eletrônica envolvendo Washington.

"O presidente encontrou a presidenta Rousseff entre a primeira reunião plenária do G20 e o jantar" de trabalho, revelou a Casa Branca, sem dar detalhes sobre a reunião. Depois dessa primeira reunião do G20, ambos os governantes chegaram separadamente ao Palácio de Peterhof, local do jantar, cerca de vinte minutos depois do restante dos chefes de Estado e de governo.

As relações entre Brasil e Estados Unidos foram afetadas pelas recentes revelações da imprensa, segundo as quais a presidente brasileira foi alvo da espionagem dos serviços secretos americanos. O Brasil pediu a Washington uma explicação formal por escrito por esta denúncia, que qualificou de "inadmissível e inaceitável".

"Entendemos a importância disto para os brasileiros (...) e trabalharemos com os brasileiros para que tenham uma melhor compreensão do que fazemos e não fazemos, e para entender suas preocupações", disse antes da reunião o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, em São Petersburgo.

A presidente brasileira adiou a viagem que uma comitiva faria aos Estados Unidos no sábado para preparar a visita de Estado. A viagem de Dilma a Washington está marcada para 23 de outubro, confirmou à AFP um porta-voz da Chancelaria brasileira.

A missão técnica de agentes de segurança, diplomatas e funcionários de protocolo "foi adiada", disse à AFP um porta-voz do ministério das Relações Exteriores em Brasília, sem precisar a razão. "A previsão é que ocorra" posteriormente, destacou o porta-voz.

Pouco antes, a presidência brasileira havia informado com maior contundência que a viagem preparatória "estava cancelada". As acusações de espionagem contra o Brasil, incluindo a própria Dilma, provêm de documentos da Agência Nacional de Segurança (NSA, siglas em inglês) que chegaram ao ex-funcionário da inteligência americana Edward Snowden.

Snowden é acusado de espionagem nos Estados Unidos por ter revelado a magnitude do sistema vigilância eletrônica americana no mundo. Ele está atualmente refugiado na Rússia. O ex-assessor de inteligência entregou os documentos ao jornalista americano Glenn Greenwald, que vive atualmente no Brasil.

Em julho, o jornal O Globo informou que o Brasil foi utilizado como parte de uma rede de 16 bases de espionagem operadas pelos serviços de Inteligência dos EUA, que interceptaram milhões de telefonemas e e-mails.

Também envolvido na rede de espionagem americana, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, que, segundo os documentos foi monitorado antes de sua eleição, em julho de 2012, telefonou para Obama e obteve a promessa de que o caso será investigado.

Peña Nieto informou que o "governo do México pediu ao governo americano uma investigação profunda" sobre as denúncias. "Obtive de parte do presidente Obama o compromisso de que esta investigação será feita e que, seguramente, vai esclarecer a profundidade que há sobre tais fatos".

O presidente destacou que se a investigação concluir que "agiram fora dos acordos internacionais e fora da lei, deverão ocorrer as sanções correspondentes".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação