Agência France-Presse
postado em 06/09/2013 14:39
São Petesburgo - As divergências entre o presidente americano, Barack Obama, e seu colega russo, Vladimir Putin, parecem irreconciliáveis, reflexo do que ocorre no G20, que não conseguiu entrar em acordo em São Petersburgo sobre uma solução para a crise da Síria.
Onze países (Austrália, Canadá, França, Itália, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Espanha, Turquia, Grã-Bretanha e Estados Unidos) pediram uma resposta internacional contundente contra o regime sírio, sem especificar o tipo de ação, e condenaram o uso de armas químicas.
Putin e Obama terminaram por se reunir nesta sexta-feira, embora não estivesse previsto, e embora o encontro tenha sido cordial e construtivo, segundo admitiram, não houve aproximação em suas respectivas posturas.
"Cada um manteve sua posição", disse Putin depois do encontro com Obama, que "discorda de meus argumentos e eu dos seus, mas nos ouvimos e tentamos analisá-los". "Não esperava que entrássemos em acordo", reconheceu o presidente americano, que acusa o regime de Damasco de cruzar uma linha vermelha com o uso de armas químicas contra a população civil no dia 21 de agosto.
Principal aliado do regime de Damasco, Putin quer uma solução política negociada à guerra civil da Síria, que já dura mais de dois anos e meio e que deixou mais de 100.000 mortos, segundo a ONU.
Embora Obama tenha pedido autorização ao Congresso para levar adiante esta ação, Washington começou a preparar o terreno para um eventual ataque retirando os funcionários não essenciais de sua embaixada no Líbano e pedindo aos americanos que evitem viajar ao sul da Turquia.
Discurso à Nação
Obama, que condicionou a decisão de atacar a Síria a uma votação do Congresso de seu país, que voltará a sessionar a partir de segunda-feira, negou-se a responder nesta sexta-feira se autorizaria um ataque sem o voto a favor e reconheceu a dificuldade de obter o aval.
"Fui eleito para colocar fim às guerras, não para começá-las, mas o mundo não pode permanecer com os braços cruzados", desafiou.
Na terça-feira, Obama disse que discursará à Nação. Por sua vez, o presidente francês, François Hollande, fervoroso partidário de uma intervenção na Síria, indicou nesta sexta-feira que esperará o relatório dos inspetores da ONU sobre o ataque com armas químicas antes de lançar qualquer ofensiva militar contra o regime.
Retórica belicista
A Rússia despachou um novo navio de guerra em direção à costa síria com "um carregamento especial", não especificado, que se soma à frota mobilizada no Mediterrâneo Oriental, disse nesta sexta-feira uma fonte militar citada pela agência Interfax.
Uma fonte militar russa havia ressaltado na quarta-feira que o reforço do dispositivo na região permitiria a Moscou reagir à evolução da situação na Síria.
Em Vilnius, os ministros europeus de Defesa consideraram nesta sexta-feira que há muitos sinais de que o regime de Assad usou armas químicas contra a população, declarou Juozas Olekas, o ministro lituano da Defesa, cujo país exerce a presidência semestral da União Europeia (UE).
Londres também tem provas do uso de armas químicas, segundo o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Em Nova York, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Samantha Power, acusou Moscou de sequestrar o Conselho de Segurança.
O mediador da Liga Árabe e da ONU, Lakhdar Brahimi, previa participar nesta sexta-feira de um almoço de ministros das Relações Exteriores dos países do G20 em uma tentativa de impedir a escalada.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores sírio viajará a Moscou na segunda-feira, informaram as autoridades russas. O presidente Obama também se reuniu durante este G20 com seu colega chinês, Xi Jinping, que, assim como Putin, se opõe a uma intervenção militar.
O presidente americano encontra-se em uma posição cada vez mais comprometida, pelo risco de que seus planos de intervenção contra a Síria sejam rejeitados pelo Congresso e o deixem isolado na comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu em São Petersburgo que uma "ação militar apressada" contribuirá para aumentar a violência entre religiões na Síria.
A Síria foi o foco durante os dois dias desta cúpula de presidentes das economias desenvolvidas e emergentes mais importantes, deixando em segundo plano os dois temas principais da agenda: o crescimento e a luta contra a evasão fiscal.
Onze países (Austrália, Canadá, França, Itália, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Espanha, Turquia, Grã-Bretanha e Estados Unidos) pediram uma resposta internacional contundente contra o regime sírio, sem especificar o tipo de ação, e condenaram o uso de armas químicas.
Putin e Obama terminaram por se reunir nesta sexta-feira, embora não estivesse previsto, e embora o encontro tenha sido cordial e construtivo, segundo admitiram, não houve aproximação em suas respectivas posturas.
"Cada um manteve sua posição", disse Putin depois do encontro com Obama, que "discorda de meus argumentos e eu dos seus, mas nos ouvimos e tentamos analisá-los". "Não esperava que entrássemos em acordo", reconheceu o presidente americano, que acusa o regime de Damasco de cruzar uma linha vermelha com o uso de armas químicas contra a população civil no dia 21 de agosto.
Principal aliado do regime de Damasco, Putin quer uma solução política negociada à guerra civil da Síria, que já dura mais de dois anos e meio e que deixou mais de 100.000 mortos, segundo a ONU.
Embora Obama tenha pedido autorização ao Congresso para levar adiante esta ação, Washington começou a preparar o terreno para um eventual ataque retirando os funcionários não essenciais de sua embaixada no Líbano e pedindo aos americanos que evitem viajar ao sul da Turquia.
Discurso à Nação
Obama, que condicionou a decisão de atacar a Síria a uma votação do Congresso de seu país, que voltará a sessionar a partir de segunda-feira, negou-se a responder nesta sexta-feira se autorizaria um ataque sem o voto a favor e reconheceu a dificuldade de obter o aval.
"Fui eleito para colocar fim às guerras, não para começá-las, mas o mundo não pode permanecer com os braços cruzados", desafiou.
Na terça-feira, Obama disse que discursará à Nação. Por sua vez, o presidente francês, François Hollande, fervoroso partidário de uma intervenção na Síria, indicou nesta sexta-feira que esperará o relatório dos inspetores da ONU sobre o ataque com armas químicas antes de lançar qualquer ofensiva militar contra o regime.
Retórica belicista
A Rússia despachou um novo navio de guerra em direção à costa síria com "um carregamento especial", não especificado, que se soma à frota mobilizada no Mediterrâneo Oriental, disse nesta sexta-feira uma fonte militar citada pela agência Interfax.
Uma fonte militar russa havia ressaltado na quarta-feira que o reforço do dispositivo na região permitiria a Moscou reagir à evolução da situação na Síria.
Em Vilnius, os ministros europeus de Defesa consideraram nesta sexta-feira que há muitos sinais de que o regime de Assad usou armas químicas contra a população, declarou Juozas Olekas, o ministro lituano da Defesa, cujo país exerce a presidência semestral da União Europeia (UE).
Londres também tem provas do uso de armas químicas, segundo o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Em Nova York, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Samantha Power, acusou Moscou de sequestrar o Conselho de Segurança.
O mediador da Liga Árabe e da ONU, Lakhdar Brahimi, previa participar nesta sexta-feira de um almoço de ministros das Relações Exteriores dos países do G20 em uma tentativa de impedir a escalada.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores sírio viajará a Moscou na segunda-feira, informaram as autoridades russas. O presidente Obama também se reuniu durante este G20 com seu colega chinês, Xi Jinping, que, assim como Putin, se opõe a uma intervenção militar.
O presidente americano encontra-se em uma posição cada vez mais comprometida, pelo risco de que seus planos de intervenção contra a Síria sejam rejeitados pelo Congresso e o deixem isolado na comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu em São Petersburgo que uma "ação militar apressada" contribuirá para aumentar a violência entre religiões na Síria.
A Síria foi o foco durante os dois dias desta cúpula de presidentes das economias desenvolvidas e emergentes mais importantes, deixando em segundo plano os dois temas principais da agenda: o crescimento e a luta contra a evasão fiscal.